No quarto álbum, Almah renasce e mostra grande evolução
Marcelo Moreira
A raiva e a frustração deram lugar à serenidade e à paz. A banda Almah não morreu, mas pode-se dizer que renasceu em 2013 ao lançar seu quarto CD, "Unfold", e ao estrear na Europa com uma turnê bem-sucedida, onde "matou" a curiosidade de fãs da banda e do Angra, banda na qual Edu Falaschi, o vocalista, cantou entre 2001 e 2012. "Não há como negar que minha bagagem com o Angra ajudou o Almah a começar de outro patamar, até pela carreira internacional. Entretanto, foi excelente ter voltado à Europa com minha nova banda e ver a ótima receptividade que tivemos", afirmou o cantor.
"Unfold" é o primeiro álbum do Almah com seu líder totalmente dedicado ao grupo. O anterior, o ótimo "Motion", de 2011, foi gravado e lançado quando ele ainda estava no Angra. Apesar da boa qualidade, este trabalho foi marcado pelas turbulências que Falaschi vivia na ex-banda, além de certa instabilidade na formação do Almah. As composições do álbum, muito pesado e denso, transpirando tensão, refletem o estado de espírito do líder e principal compositor, além de produtor.
O novo álbum é o oposto. Com Falaschi livre da tensão do Angra e dos problemas de saúde que o afetaram entre 2011 e 2012, o astral mudou totalmente. As músicas de "Unfold" ainda são fortes, pesadas, mas demonstram uma maior variedade e versatilidade, com uma riqueza de arranjos que não havia no CD anteriorGravando no próprio estúdio, o Do It!, o então quinteto teve calma e tranquilidade para compor e trabalhar. O resultado é o melhor dos quatro álbuns do grupo e um dos pontos altos do metal nacional em 2013. A única turbulência foi o anúncio da saída do guitarrista Gustavo di Pádua, que deixou a banda no final de dezembro passado.
A paciência foi recompensada pela boa acolhida de "Unfold" no Brasil, onde figurou por dois meses entre os mais vendidos em algumas lojas de CDs de São Paulo, e na França, onde atingiu o 9º lugar das paradas de emissoras de rádio no geral, e não somente no segmento heavy metal. "Sem dúvida que a minha situação e a da banda hoje são diferentes e extremamente positivas. Todo mundo está trabalhando junto para manter o nível do trabalho e é legal ver a empolgação de meus companheiros. Os resultados estão aparecendo, coroando um 2013 ótimo."
E o quinteto não tem do que reclamar. Com nova gravadora no Brasil, a Substancial Music, o grupo lançou novo CD, tocou no cobiçadíssimo Rock in Rio 2013 e viajou pela primeira vez à Europa. As bases para 2014 estão lançadas para nova turnê no Brasil e eventualmente no exterior e a realização de outro sonho, o lançamento de um DVD.
Outro ponto que o Almah comemora é a consolidação de Falaschi como produtor, não só da banda, mas de outros artistas, ainda na área do heavy metal. O vocalista conseguiu extrair de todos as performances exatas necessárias que a o álbum diversificado exigia em 2013. As músicas de "Unfold" mantêm alto padrão de gravação, adequadas ao padrão vocal de Falaschi e mesclando influências que vão desde o pop dos anos 80 até o heavy metal tradicional, passando pelo hard rock e pelo som pesado mais recente.
"Tenho ouvido bastante coisa e acho que consegui sintetizar minhas influências e as dos outros integrantes em um som orgânico e moderno, com timbres diferentes e mais sutis. Minha forma de cantar também mudou, o que nos obrigou a encontrar novos caminhos musicais e a ser mais criativos. Não foi só estimulante trabalhar em 'Unfold', foi um aprendizado, principalmente em reforçar a identidade do Almah e agregar outros elementos que permitam mostrar a banda mais integrada e coesa", comemora Falaschi.
E ponto alto desta nova fase, não há como negar, foi a participação no palco Sunset do Rock in Rio. Ainda que o Almah tenha dividido o palco com os amigos gaúchos do Hibria, o simbolismo da participação do grupo, e da de Falaschi em particular, encerrou de vez um capítulo que ainda repercute entre os apreciadores do metal nacional: o seu último show com o Angra, exatamente no Rock in Rio, em 2011. Ainda estão na memória dos fãs os vários problemas técnicos que a banda teve no show, aliados aos problemas de saúde que afetaram a voz e a performance de Falaschi.
"Acho que dá para falar em redenção", diz o vocalista, aliviado. "Não bastassem os problemas técnicos, eu estava mal, a saúde não estava boa, e o resultado não foi bom. Dois anos depois pisei de novo no Rock in Rio e o Almah foi muito bem, me deixou orgulhoso."
Em relação ao álbum "Unfold", o Almah mostrou-se bastante entrosado, com linhas de baixo não tão agressivas, mas bastante versáteis, abusando de grooves diferenciados e linhas mais intrincadas, como em "Beware the Stroke" e "Cannibals in Suits". As duas guitarras, de forma coesa e inteligente, ora duelam, ora se complementam em arranjos simples, mas bem feitos, com solos sem muito arrojo, mas bastante funcionais, como podemos ouvir em "In My Sleep", "Wings of Revolution" e na bela "Farewell". Falaschi mostra também bastante sensibilidade na delicada balada "Warm Wind". A porrada sonora de "Motion" foi substituída pela variedade e sobriedade em "Unfold", uma evolução que deu bons resultados.
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