Blues nacional mantem o pique e segue com ótimos lançamentos
Marcelo Moreira
Uma grande jam session, com 12 músicos revezando-se no palco do restaurante Si Señor, unidade de São Bernardo do Campo (ABC, Grande São Paulo). Encerramento para um projeto pioneiro que deu muito certo, o Blues nas Quintas, que reúne nomes importantes do gênero às quintas-feiras. O que deveria ser uma experiência se tornou atração musical importante da região metropolitana da capital paulista, tendo começado em setembro de 2012 com a dupla Celso Salim (voz, guitarra e dobro) e Rodrigo Mantovani como residentes, mas recebendo convidados como Roger Gutierre, Little Will, Sílvio Alemão (Irmandade do Blues), Vasco Faé (Irmandade do Blues), Ivan Marcio e muitos outros.
O projeto Blues nas Quintas é a redenção de um gênero musical que patinou um pouco nos últimos anos, mas que teve em 2013 um boom de festivais, turnês de artistas internacionais e novas casas abrindo espaço para os artistas brasileiros. Isso para não falar da quantidade enorme de lançamentos de CDs e DVDs – Bgig Chico ("My New Blues"), Amleto Barboni ("A Night at Maxwell Street"), Nuno Mindelis ("Angels & Clowns"), Brazilian Blues Bash, Blues Etílicos ("Puro Malte"), Flávio Guimarães e Álamo Leal, Big Gilson ("Aqui Pra Você") e muitos outros, quase todos um oferecimento do batalhador Chico Blues, da Chico Blues Records.
O ano foi tão bom que chamou a atenção de uma nova gravadora, a Substancial Music, que está entrando com força no mercado ao lançar o novo álbum de Nuno Mindelis no Brasil e relançar pelo menos outros três títulos antigos do guitarrista, assim como da banda Blues Etílicos e o catálogo do guitarrista André Christóvam.
As novidades deste início de 2014 são os novos álbuns do gaitista Sergio Duarte e da dupla Ari Borger e Igor Prado. Duarte deixou de lado a banda Entidade Joe desta vez para gravar "Acoustic Blues Harp" com a dupla Celso Salim (guitarra e dobro) e Rodrigo Mantovani (baixo acústico), tendo como companhia ainda o excelente guitarrista Leo Duarte, o jovem filho do gaitista. Sergio já havia feito uma prévia do álbum em meados de julho, em apresentação pouco divulgada no Sesc Bom Retiro, no projeto Blues do Meio-Dia.
Apostando na recriação de standards do gênero dos anos 40 e 50, escolheu as pessoas certas para gravar clássicos coo "Little Red Rooster", "Worried Life Blues" e "Tell Me Baby", já Salim e Mantovani fazem um repertório semelhante, de forma acústica. A produção manteve o clima rústico, com a captação crua da sonoridade blueseira vintage, em performances ao vivo no estúdio bem azeitadas. Um trabalho de excelente bom gosto, lançado pela Chico Blues Records.
Ari Borger e Igor Prado, colaboradores de longa data, retomam a parceria em mais um projeto que privilegia o boogie woogie, uma das especialidades do pianista Borger. O guitarrista e vocalista Igor Prado é um dos nomes mais conhecidos da cena, seja com sua antiga banda solo ou com a Prado Blues Band, que fez vários trabalhos com Flávio Guimarães. Prado é um dos mais ativos militantes do blues e é o responsável, entre outras coisas, pela vinda de três gaitistas californianos em 2013 para uma longa turnê pelo interior de São Paulo – Mitch Kashmar, Rod Piazza e Lynwood Slim.
O novo trabalho da dupla, "Lowdown Boogie", mais uma obra da Chico Blues Records, tem a direção artística de Prado, que divide os créditos de produção com Borger e Chico Blues. Com o astral lá em cima e arranjos surpreendentes para músicas já conhecidas, a dupla mostrou um trabalho sofisticado e coeso, sem que haja a predominância do poderoso som de Borger ou da refinada técnica de Prado.
"Fat Means & Greens", de Edgar Hayes, "Rockin' at the Philarmonic", de Chuck Berry, e "Boogie Woogie Barbecue", de John Hardee, ganham novas releituras, eletrizantes e interessantes, com uma pegada típica dos anos 50, mas com arranjos versáteis e modernos. A dupla ainda teve o privilégio de ter como convidados o fantástico guitarrista norte-americano Junior Watson e o saxofonista também americano Sax Gordon, ambos amigos de longa data de Igor Prado. Completam o time o quase onipresente Rodrigo Mantivani, o baterista Yuri Prado (irmão de Igor) e o saxofonista Denilson Martins. Escute com prazer duas composições de Ari Borger e que mostram a essência do álbum, "Blues For Rafa" e "88'Swing".
Os catarinenses dos Headcutters (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Também da Chico Blues Records é o blues acústico da surpreendente banda catarinense The Headcutters. O quarteto de Itajaí acaba de lançar "Shake that Thing", recheado de canções fincadas no blues tradicional, com um ambiente jazzístico predominando em algumas delas, pontuados pela gaita de Joe Marhofer e pelo delicado timbre de guitarra de Ricardo Maca, que ocasionalmente também toca piano.
E o grupo não economizou na ousadia e já partiu para um trabalho autoral de responsabilidade, sendo 9 das 13 faixas compostas pelos quatro integrantes. Os destaque são as agradáveis "She Don't Want Me", "Valley Flood" e "I Don't Know" e versões carregadas e reverentes de "Nine Below Zero", de Rice Miller, e "Hoodoo Man", de John Lee Curtis Williamson. Entre as participações especiais estão as de Igor Prado em três faixas, a do gaitista e cantor norte-americano Omar Coleman em "Hoodoo Man" e "Man Like Me" (esta de autoria de Coleman) e do também norte-americano Richard "Rip Lee Pryor", guitarrista gantor e gaitista, na faixa "Nine Below Zero".
Para os próximos meses estão previstos o muito aguardado primeiro CD do Harmonica Duo (Little Will e Márcio Scialis), o novo álbum do gaitista e cantor Val Tomato e o segundo da dupla Celso Salim e Rodrigo Mantovani.
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