O extremismo do Brujeria volta a São Paulo em março

Marcelo Moreira

A fúria incontrolável e a brutalidade sem limites de quem sempre foi oprimido e precisou batalhar por cada minuto de da existência. Nenhuma banda de metal extremo conseguiu captar a fúria de um povo e de situações igualmente extremas como o Brujeria, banda norte-americana de death metal formada por descendentes de latino-americanos (hispânicos), com letras vociferadas em espanhol. Tosco, sujo e cru, o som do grupo é brutal, na medida parar o amior incômodo possível ao ouvinte. Um improvável, que não só sobreviveu ao tempo como arrebatou uma legião de fãs ávidos por ódio e desgraça.

Essa máquina de demolir cérebros finalmente volta ao Brasil em 2014, em show único no Clash Club, em São Paulo, em 9 de março. Poucas vezes uma banda cantando em espanhol teve tão boa aceitação no Brasil como o Brujeria, ainda que seu status por aqui ainda seja de grupo cult. As letras das músicas não fazem concessões: detonam a polícia norte-americana preconceituosa, a violenta brigada ianque que combate a imigração ilegal na fronteira entre Estados Unidos e México, as péssimas condições de vida oferecidas aos imigrantes ilegais centro-americanos nas cidades da Costa Oeste, a violência cruel e fratricida praticada pelos cartéis mexicanos de drogas e pelas gangues de jovens nas periferias das cidades, entre outros assuntos "leves".

De tão brutal, politizado e extremo, o som do grupo acaba por afastar parte do público jovem que é justamente a maior vítima dos casos narrados nas músicas. Já não basta o dia a dia pesadíssimo e cruel, com uma batalha diária contra as dificuldades, a pobreza e o preconceito, e ainda assim ter de escutar o ódio vindo das caixas de som? "Sabemos que isso acontece, que muitas vezes o refúgio dessa molecada desesperançada é cair de cabeça no rap, que fala de uma violência de forma mais aventureira, e que louva a ostentação. É uma opção, mas é impossível fugir dessa realidade complexa o tempo todo, e nós não vamos permitir que essa realidade seja escondida. Tem gente sofrendo e temos de mostrar isso", disse o vocalista Asesino em uma entrevista à revista Metal Hammer em meados dos anos 2000.

O Brujeria surgiu no início dos anos 90 como um supergrupo formado por integrantes de bandas como Fear Factory, Faith No More, Napalm Death, Dead Kennedys, Carcass, At The Gates e Cradle of Filth.  Hoje tem como membros permanentes os vocalistas Juan Brujo, Fantasma e Pinche Peach. Os outros músicos, que acompanham esse trio, variam a cada álbum e turnê, escondendo suas verdadeiras identidades, tocando sob pseudônimos e mascarados. Alguns de seus discos se tornaram verdadeiros clássicos dentro da cena metal, entre eles "Matando Gueros" (1993), "Raza Odiada" (1995) e "Brujerismo" (2000). Música de protesto? Brujeria é a melhor opção extrema que existe.

Abertura da casa: 18h
Horário do show: 21h

Censura: 16 anos
Informações: http://www.clashclub.com.br/ / Tel: (11) 3661-1500