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Lançamentos selecionados: Morrissey, Anvil, Archon Angel, Revolution Saints

Combate Rock

24/03/2020 06h34

Marcelo Moreira

– Morrissey – "I Am Not a Dog on a Chain" é o 13º disco solo do ex-vocalista dos Smiths e não traz novidades. O cantor continua mergulhando na canção pop com tom melancólico, mas com uma pegada um pouco mais soul music. Já sessentão, Morrissey se tornou um intérprete classudo, uma espécie de Bryan Ferry (ex-Roxy Music) das décadas pós-anos 80. Mesmo abusando de certos maneirismos, adotou uma elegância ao cantar e interpretar músicas próprias e versões cativantes de artistas favoritos, como em seu último álbum, "California Sons", de 2018, só com covers. Não é o seu melhor disco, já que falta um pouco da estridência e da chama de um "Bona Drag", que continha boas ideias de um músico ainda ressentido com o fim abrupto dos Smiths. "Bobby, Don't You Think They Know?" conta com vocais de Thelma Houston e dá a medida da elegância do repertório do álbum, que ainda chama a atenção por músicas como "Rainbow Valley", um clássico norte-americano, "Love Is On Its Way Out", uma linda canção triste, mas serena, e as interessantes "The Truth About Ruth" e "The Secret of Music".

– Anvil – um dos pilares do metal canadense, o veteraníssimo Anvil traz o de sempre, mas com doses extras de energia e autoestima lá em cima depois que foi redescoberto graças a um famoso documentário. "Legal at Last" mantém o nível alto de toda a carreira de quase 40 anos, com um heavy/thrash que esbarra no hard rock de vez em quando. "I'm Alive" e "Nabbed in Nebraska" são os melhores exemplos deste álbum interessante, mas sem nenhuma novidade. É divertido e bem feito.

– Archon Angel – Surpreendentemente, Zak Stevens abraça esse projeto que pode virar uma banda em breve, tendo como companheiro o italiano Aldo Lonobile. É mais uma das invenções da Frontiers Music, gravadora italiana comandada por Serafino Perugino, que ainda insiste (ainda bem) no classic rock, no metal tradicional e no hard rock. Stevens substituiu Jon Oliva no Savatage nos anos 90 e investiu no seu Circle II Circle neste século quando do fim do grupo principal."Fallen", por enquanto, tem a cara de projeto e remete diretamente ao som do Circle II Circle e Savatage, em uma pura opção mercadológica para estabelecer o nome do grupo. Esse é o seu maior defeito e, paradoxalmente, o seu trunfo. Não é original e é derivativo demais, quase um clone da banda adormecida de Stevens, mas o heavy tradicional e exuberante resgata um som que faz falta. Com o atual Queensryche cada vez mais sombrio e o Fates Warning cada vez mais intermitente, o tipo de som do Archon Angel surge como alternativa aos órfãos do metal épico e sinfônico do Savatage, mas que passa bem longe de coisas como Manowar. Não há um grande destaque. Portanto, ouça as boas "Rise", "Twilight" e "Hit the Wall".

– Revolution Saints – Aquele que talvez seja o melhor supergrupo de hard rock surgidos desde 2015, junto com Dad Daisies e Black Stars Riders, chega ao terceiro álbum em ascensão e evoluindo nas composições em "Rise". Transitando entre o hard e o AOR (Album Orient Rock), traz uma coleção de ótimas canções e os dois pés fincados no blues e no som oitentista, emulando o melhor de Whitesnake, Night Ranger, Y&T e muitas outras pérolas. Os vocais estão divididos entre o baixista Jack Blades e o baterista Deen Castronovo, o que é uma grata surpresa. As canções mais legais são "Rise" e "Higher".

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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