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Carl Palmer, 70 anos: a excelência e a versatilidade na bateria

Combate Rock

22/03/2020 06h53

Marcelo Moreira

Carl Palmer (FOTO: DIUVLGAÇÃO)

O sorriso quase constante do baterista escondia a sua face competitiva  e a vontade férrea de ser protagonista. Não se contentava com seu instrumento no fundo, ainda que em um patamar mais alto. Ele queria brilhar e a sabia que tinha estofo para isso e rivalizar com o baixista e com o tecladista. Por isso a bateria ficava de lado, em um dos cantos do palco na maioria das vezes.

Carl Palmer nunca escondeu suas aspirações e sua ambições. Ele chega aos 70 anos de idade como uma lenda do rock progressivo ao lado de outro setentão, Bill Bruford (ex-King Crimson e Yes) e segue espalhando o legado de seu principal trabalho ao longo da vida, o Emerson, Lake & Palmer.

É o único músico vivo do trio inglês, que definitivamente parou de se reunir em 2010. Apesar de serem discretos quanto aos negócios, Palmer, Greg Lake (baixo e vocais, morto em 2016) e Keith Emerson (teclados, morto no mesmo ano) não tinham uma convivência fácil e a exigência de protagonismo do baterista não ajudava muito.

Com insistência, conseguiu o espaço que queria e tornou-se referência dentro do rock. Preciso, versátil e criativo, também compunha e quase sempre espantava pela facilidade com que destrinchava peças complexas, como "Pictures at an Exhibition", de Modest Mussorgsky, um dos grandes momentos dom o ELP.

Instrumentista prodígio e exuberante, chamou a atenção aos 19 anos quando tocava com o Atomic Rooster, um trio inglês que oscilava entre o progressivo e a música experimental.

A juventude e a inexperiência não frearam a sua impetuosidade, o que entrou em choque com o tecladista Vincent Crane. Por isso não pensou duas vezes em se juntar a dois músicos bem mais experientes e já com certa fama na Inglaterra em meados de 1970.

Lake, que saíra do King Crimson insatisfeito com as regras do guitarrista e líder Robert Fripp, e Emerson, que implodira o ótimo The Nice, enxergaram no moleque experto e explosivo o elemento que faltava para empurrar o projeto que tinham em mente – e que quase teve Jimi Hendrix na guitarra.

Com o ELP foram dez anos de genialidade e de música de altíssima qualidade, ainda que autoindulgente algumas vezes. Assim como o desempenho do amigo Bruford, Palmer elevou e muito o conceito de bateria como instrumento preponderante dentro do rock e da música pop.

Nos anos 80, entrou de cabeça no Asia, banda que criou com Steve Howe (guitarra, ex-Yes na época) e Geoff Downes (teclados, ex-Yex e The Buggles).

Com a adição de John Wetton (baixo e vocais, ex-UK, ex-King Crimson e ex-Uriah Heep), o que era para ser um supergrupo de rock progressivo se transformou em um pop comercial de qualidade, um soft rock de grande apelo popular. O sucesso foi tanto que o impediu de participar da primeira reunião do ELP, em 1986 – foi substituído por Cozy Powell.

Passou anos se equilibrando entre a duas bandas a partir de 1992 e manteve a excelência de suas performances ao vivo. Com o fim das duas bandas, a prioridade passou a ser a Carl Palmer Band, onde exercita o seu lado experimental, e a Carl Palmer's ELP Legacy, em que revisita o repertório de Emerson, Lake & Palmeraão em si .

Mesmo após mais de 50 anos de carreira, Palmer pode ser considerado um dos poucos bateristas de rock que são uma atração à parte, daqueles que o público, ou parte dele, vai ao show simplesmente para vê-lo tocar. Com a aposentadoria de Bill Bruford e a morte de Neil Peart (Rush), está reinando praticamente sozinho, já que em breve Ian Paice (Deep Purple) também deverá parar.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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