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Heretic expande o metal oriental direto da capital do sertanejo

Combate Rock

18/12/2019 07h03

Marcelo Moreira

Uma das formações do Heretic: Guilherme Leal é o último da esq. para a dir. (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Metal oriental e extremo em plena terra do sertanejo. Coragem ou vanguarda? A banda goiana Heretic prefere falar em diversificação e ousadia.

Influenciada diretamente por Orphaned Land (Israel) e Melechech (Turquia), o Heretic começou como um projeto e evoluiu como banda a partir de 2008, quando o guitarrista Guilherme Leal voltou de uma temporada de três anos morando na Grécia.

"Foi um período intenso de muito trabalho e muita troca de experiências, com gente do mundo todo, mas principalmente em relação a viajantes de Israel, de todo o Oriente Médio e norte da África. Um aprendizado rico e muito significante", diz o guitarrista.

Estudante de filosofia e turismo, foi trabalhar como voluntário nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e permaneceu no país trabalhando em pubs especializado em heavy metal. "Fui relações públicas em um pub e também trabalhei nas ilhas de Santorini e Ios."

Depois de lançar os álbuns "Errorism" e "Barbarism", agora é a vez de "Are You… Comfortable?", lançado em 2019 nas plataformas virtuais de streaming.

A mistura das sonoridades orientais com a pegada death metal agradou a um público seleto no Brasil e no exterior, e Guilherme tira de letra quando a questão é enconrar espaço para trabalhar o tipo de música que executa.

"O rock tem uam cena paralela relevante no Planalto Central. Goiânia é a capital do sertanejo, mas há espaço para música boa em vários circuitos. É exótico fazer oriental metal e metal extrem por aqui, mas não é algo de outro mundo", afirma Guilherme.

O Heretic, às vezes creditado como Heretic Brazil por conta de uma antiga banda europeia com o mesmo nome, é uma banda ainda com cara de projeto, já que outros integrantes moram fora do Brasil. As músicas são compostas e finalizadas via internet.

Apesar de as bases melódicas e todo o conceito girar em torno do oriental metal, desde as músicas do Oriente Médio até canções originada da Índia, a origem da música extrema do Heretic é bem ocidental: a banda norte-americana Death, criada pelo guitarrista Chuck Shuldiner, morto em 2001.

"Desde a minha volta ao Brasil eu toquei muito death", diz Leal. "O metal extremo dessa banda sempre foi a minha influência e acabou que moldando a sonoridade da minha banda."

Ele cita ainda a banda amerifcana Nile, veterana do death metal, como influência no trabalho – esse grupo tem como tema de letras e músicas  o Egito antigo e termas relaciondos.

Mais contemporâneo, o grupo tunisiano Myrath aparece como uma referência em relação o oriental metal, embora com elementos mais modernos e mais pop, digamos assim.

O novo álbum, para  guitarrista, é um avanço por incorprar outros elementos pesados na música e por abordar temas mais específicos e instrospectivos. Como o nome da obra entrega, quer cutucar as pessoas a respeito não só da sonoridade agressiva da banda, mas abordar também a postura e o comportamento na sociedade moderna.

Por isso ele menciona a adição de um elemento que pode soar como "incômodo" em algumas músicas, como o instrumento shennai. "É quase uma massa sonora hipnótica, um elemento secundário em algumas músicas. Lembra o som de uma corneta e pode soar incômodo para algumas pessoas. É essa a intenção, e ajuda a dar uma identidade ao som da banda."

Por enquanto, o exótico tem agradado ao público brasileiro, em que pese não ser fácil transpor a música árabe para o metal extremo. Isso não é problema para uma cena metal em que bandas brasileiras abusam dos elementos folk celta e do viking metal escandinavo mesmo torrando no litoral brasileiro ou n interior de Minas Gerais.

Entre as bandas brasileiras da atualidade, será quase impossível encontrar alguma que faça algo tão diferente e original quanto o Heretic. O som é difícil e fora do comum, no começo, o que requer um pouco de paciência, mas merece uma atenção redobrada do ouvinte.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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