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Stevie Ray Vaughan e a reinvenção da guitarra blues

Combate Rock

01/09/2019 06h58

Marcelo Moreira

FOTO: DIVULGAÇÃO

FOTO: DIVULGAÇÃO

O guitarrista Eric Clapton costuma dizer que, quando tocava ao lado do texano Stevie Ray Vaughan, ficava muito preocupado, já que era impossível acompanhar e entender o que o mágico guitarrista de blues fazia, graças à genialidade e ao virtuosismo. Para Clapton e para a lenda do blues Buddy Guy, ninguém chegou tão perto de Jimi Hendrix como Stevie Ray.

Com sua banda de apoio, a Double Trouble – Tommy Shannon (baixo), Chris Layton (bateria) e Reese Wynans (teclados) -, Stevie Ray Vaughan passou como um furacão nos anos 80, revolucionando o jeito de tocar guitarra e resgatando o blues de mais um período de estagnação.

Foram apenas cinco álbuns de estúdio e um ao vivo, além de três vídeos obrigatórios. Apesar da genialidade, começou gravar tarde, e lançou seu primeiro álbum, "Texas Flood", em 1983, aos 29 anos de idade.

Morto em um acidente aéreo em agosto de 1990, Vaughan estaria com 65 anos de idade. Todo guitarrista de blues relevante do século XXI bebeu na fonte texana muito conhecido pela sigla SRV – Eric Gales, Joe Bonamassa, john Mayer, Kenny Wayne Shepherd, Derek Trucks, Jonny Lang, Gary Clark Jr, Anthony Gomes, Chris Duarte, Mitch Laddie, Nuno Mundelis e muitos outros.

"Stevie era um cara tímido, mas muito bacana. Era difícil encontrar alguém que não gostasse dele. Falava pouco, preferia se comunicar por meio da guitarra. Não há forma mais elegante e eficiente para um cara como ele." As palavras são de Jimmie Vaughan, irmão mais velho do mestre Stevie Ray, e endossadas por Eric Clapton. Ele comentava para a Guitar Player norte-americana nos anos 90 o legado deixado precocemente pelo guitarrista texano morto em agosto de 1990.

Stevie Ray Vaughan era tido como um gênio do instrumento que agregava e aglutinava. Todo mundo queria tocar com ele. Santana, Buddy Guy, B.B. King, Albert King, Eric Clapton, Steve Lukather, Jeff Beck, Johnny Winter e mais uma infinidade de artistas de primeira linha tiveram o privilégio de dividir o palco ou o estúdio com o guitarrista, que adorava essas jams.

Um dos melhores encontros envolveu Stevie com Jeff Beck em 1989. Os dois gigantes haviam tocado juntos cinco anos antes em Honolulu, no Havaí. Stevie Ray fazia um show incendiário e recebeu Beck no palco com fúria nos olhos e nos dedos.

Em 1989, os dois voltariam a se cruzar pelos Estados Unidos, ambos em turnês solo. As datas entre os giros coincidiram algumas vezes e resolveram unir-se em 34 datas no segundo semestre daquele ano, quando se revezaram como atração principal.

Foi mais de uma vez ao fundo do poço nos excessos do álcool e das drogas, foram várias as internações para reabilitação, mas os mergulhos no inferno foram proporcionais às vezes em que atingiu o topo como músico, ganhando a veneração de gente como Santana, Clapton, Buddy Guy, Albert King, Jeff Beck e muitos outros gênios.

Em julho de 1990, o helicóptero em que viajava caiu no Estado de Wisconsin, nos Estados Unidos. Steve Ray Vaughan participava de um festival de blues na cidade de East Troy ao lado do irmão Jimmie Vaughan, de Eric Clapton e Robert Cray.

Durante a madrugada de 27 de agosto, após o show, vários helicópteros foram colocados à disposição de músicos e técnicos para retornar ao aeroporto mais próximo. Não se sabe o porquê, mas Stevie queria porque queria voltar mais cedo para o aeroporto e ir para casa.

Diante de tanta insistência, conseguiu um lugar na aeronave que levaria parte da equipe de palco de Eric Clapton – que também deveria estar no voo, mas desistiu à última hora de embarcar porque tinha mais gente querendo ir embora mais cedo.

Por volta de 1h daquela madrugada, três helicópteros decolaram sob intenso nevoeiro. Só dois chegaram ao aeródromo. Um deles, o que levava Stevie Ray Vaughan, chocou-se contra uma montanha nas proximidades de East Troy.

Morto aos 36 anos de idade, não chega a ser tão cultuado como Hendrix, mas é venerado dentro meio musical. Deveria tocar em um festival de blues em Ribeirão Preto em setembro de 1990, embora ainda não tivesse assinado o contrato. Seus discípulos diretos na atualidade não hesitam: ele foi um gênio da guitarra.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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