Procura-se um astro de rock 'fugitivo' pelas ruas de São Paulo
Marcelo Moreira
Lá nos longínquos anos 90, estabeleceu-se no Brasil e na América do Sul um circuito "underground" de shows internaciuonais, onde bandas médias e pequenas estrangeiras tocavam em locais outrora indignos para elas, mas que quebravam bem o galho.
Em um mercado a ser desbravado, evidentemente que havia problemas, como relatou certa vez a banda norte-americana Quiet Riot.
De passagem pelo Estado de São Paulo na época, relatou que tomou um calote dos produtores locais de show, e dependeu da contribuição financeira dos fãs para vconseguir embarcar de volta para os Estados Unidos.
Muitos disseram que isso é uma lenda, mas infelizmente não é, pois eu contribuí para a "vaquinha". A banda tinha sido abandonada em pleno hotel vagabundo no centro de São Paulo e alegava estar sem dinheiro – o que era verdade, pelo que constatei.
Mais difícil é o artista internacional dar calote ou sumir durante a turnê na América do Sul. E foi o que aconteceu no giro do cantor Michale Graves, ex-Misfits.
Segundo os organizadores da turnê de 28 shows pelo Brasil e pela América do Sul, o artista simplesmente sumiu após o show de São Paulo no fim de semana que passou (e quem foi a esse show, no sábado 22 de junho, adorou e elogiou a performance do cantor).
Ele deveria embarcar em uma van para ir a Limeira (SP) após o show, mas dsviou o caminho e foi para o aeroporto de Guarulhos sem que ninguém soubesse. Já estava em casa, nos Estados Unidos, quando os fãs que lotaram a casa limeirense o esperavam. Graves tinha de cumprir ao menos mais seis shows.
Até agora ninguém se conforma com a atitude do músico, que tem um histórico complicado de descumprimento de contratos – ou seja, não teria sido a primeira vez com esse tipo de comportamento.
A empresa que contratou o cantor, surpreendida com a atitude, só conseguiu contato com o cantor via WhatsApp dois dias depois da fuga.
Sem muita consideração, disse apenas que teve "problemas familiares" e precisou voltar aos Estados Unidos. Só "esclareceu" a questão depois de muito fustigado e incomodado com as postagens nas redes sociais em perfis brasileiros denunciando o comportamento absurdo do cantor.
Em nenhum momento, na troca de mensagens, Graves aventou a aposisbilidade de devolver aos promotores o dinheiro que recebeu adiantado por conta dos shows que ainda deveria fazer. Apenas insistiu que os promotores apagassem todas as postagens com as denúncias e as críticas a ele. Claro que não foi atendido. (Ao final do texto, veja parte das mensagens trocadas entre a Venus Concerts e o artista. Aqui, a URL da postagem na página da Venus – https://www.facebook.com/VenusConcerts/posts/1318920468274332)
Apesar de as "explicações" de Graves terem sido dadas à Venus Concerts, o Combate Rock tentou falar com ele e com seus empresários, por e-mail, para obter respostas mais esclarecedoras. Ainda não obtivemos retorno.
Claro que, em um negócio como o de shows de rock, todos estão sujeitos a imprevistos e problemas diversos. O que não se admite é que um artista internacional tenha esse tipo de comportamento: no meio da turnê, larga tudo e volta para o seu país sem nenhum tipo de aviso ou explicação. Não me lembro de ter ocorrido coisa semelhante em terras brasileiras.
Lamentavelmente, assim como a banda Dead Kennedys, Michale Graves, que tocou algumas vezes por aqui, definitivamente fechou as portas na América do Sul.
P.S.: Só lembrando em relação aos Dead Kennedys – a banda punk norte-americana cancelou uma turnê sul-americana por conta da repercussão forte de um cartaz dos shows brasileiros em que havia fortes críticas ao governo Jair Bolsonaro. Assustados com as ameaças que receberam e o clima polarizado no país, alegaram que não tnha aprovado o cartaz para justificar o cancelamento. Os integrantes mentiram, pois o autor do cartaz e os promotores brasileiros provaram que a banda e seus empresários haviam aprovado o cartaz.
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