Entusiasmo e esperança impulsionam a nova fase de Mauren McGee
Marcelo Moreira
A esperança um dia acaba, mas nunca morre. Esse mantra pode não fazer muito sentido para a maioria das pessoas, mas define exatamente o momento atual da cantora Mauren McGee, que dá o pontapé oficial na carreira solo com o lançamento do single "Doces Sortidos", um passeio suave e nostálgico dentro do soft rock, esbarrando na MPB.
A moça é uma usina de ideias e encara o novo momento com muita esperança. Mas a esperança não acabou? "Acabou, mas nunca morre, né? A minha banda, The Lost Hope, não existe mais, mas jamais deixarei de ter esperança na minha música, na minha trajetória e no futuro do meu país."
McGee & The Lost Hope durou quase cinco anos e lançou um ótimo EP, "Sensitive Woman", que fazia hard rock e blues rock de muito boa qualidade, sendo comparado por alguns à banda internacional Blues Pills (que tem integrantes dos Estados Unidos, França e Suécia), que é uma das sensações do rock europeu dos últimos anos.
O grupo, baseado no Rio de Janeiro, fez shows em vários locais do Brasil e encarou uma turnê corrida e bem-sucedida pelos Estados Unidos recentemente. Mas então por que a banda acabou?
"As atribulações das vidas pessoais cobraram o seu preço, cada um foi por um lado para tocar seus projetos pessoais. As experiências foram ótimas e fundamentais para que eu tomasse a decisão de me lançar com artista solo", diz Mauren com um entusiasmo contagiante.
Na entrevista por telefone ao Combate Rock, em uma tarde de terça-feira, a jovial cantora falou com muito otimismo sobre a nova fase e de como estava encarando a volta ao Brasil depois de uma temporada nos Estados Unidos. "Não fico muito presa no mesmo lugar. Faço do nomadismo e das viagens insatrumentos meu trabalho."
Despreendimento e liberdade total não tiram o foco do seu trabalho e de seus objetivos. Ela até surpreende quando fala com orgulho de trabalhar e acredita na esperança do futuro do "meu país", sendo que muita gente sabe de seu multiculturalismo – carioca de nascimento, é filha de pai note-americano e mãe uruguaia, mas o brasileirismo está impregnado no sotaque e no coração da cantora.
"Voltar ao Brasil é sempre motivo de esperança, mas também de superação de desafios. Paso algum tempo nos Estados Unidos visitando meu pai, e quando volto as energias se renovam, por mais que o cotidiano às vezes desapontem", diz Mauren.
Ela se refere aos tempos complicados que a nossa sociedade enfrenta, com a onda conservadora que predomina e ataca direitos humanos, civis e as liberdades individuais como um todo.
Mauren McGee não usa as palavras militante e ativista, mas se comporta como uma artista consciente do atual quadro político-social e não hesita em aceitar a luta para garantir o pluralismo e a liberdade. Abraça causas libertárias e sofre com vários desmandos políticos que asoslam não só o Brasil, mas também os Estados Unidos.
Certamente tais sentimentos e posturas vão se refletir nas futuras composiões, se é que isso já não ocorre, mas o momento é mais de reflexão e de abordagem diferente no início da nova fase da carreira.
O rock mais pesado, que caracterizava McGee & The Lost Hope, não será abandonado, mas a ideia agora é explorar novos caminhos. "O rock é a minha base de tudo, é o que me define como artista, mas não só isso. Ouço de tudo e aperoveito de tudo, desde jazz e o blues até algo mis próximo da bossa nova e da MPB."
"Doces Sortidos", assim como uma música um pouco mais antiga, "Aves", remetem ao que podemos chamar de soft rock bem próximo da música brasileira. São canções com predomínio da melodia, suaves e forte apelo a imagens idílicas nas letras.
Mauren cita Cazuza e Rita Lee como influências para o novo direcionamento, o que fica evidente no bom gosto dos arranjos elaborados em "Doces Sortidos". "Houve um momento em que parecia estar mais confortável compondo em inglês, mas as possibilidades que se abrem ao fazer música em português são imensas. Esse é o caminho."
Em relação à música, a felicidade é imensa. "É uma música especial. Foi composta em um sítio, em Minas Gerais, numa noite ao lado de todos os meus amigos de infância. Somos todos artistas e esta foi a primeira arte que criamos juntos. Foi um processo em que cada um escreveu uma frase, uma estrofe. E 'Doces Sortidos' fala muito sobre isso, de uma reunião de amigos, num lugar lindo, com céu lindo, entre conversas mágicas e eternas."
Atualmente a cantora reside em São Paulo, onde inicia o projeto de produção das primeiras músicas da carreira solo em parceria com os produtores Pedro Penna e Rafael Balla (Estúdio Toca) e com a gravadora independente Canil Records.
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