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Blues Brasil: a ascensão de Artur Menezes e Pedro Bara no blues rock

Combate Rock

28/02/2019 06h50

Marcelo Moreira

Muita gente adora torcer o nariz, no Brasil, pela suposta contaminação do blues pelo rock no embalo da popularização do do blues rock com  a explosão de gente como o guitarrista norte-americano Joe Bonamassa e a enxurrada de latin guitar heroes da América do Norte – Chris Duarte, Tommy Castro, Lance Lopez e muitos outros.

É uma pena, pois esse preconceito afasta gente de bom gosto de ótimos artistas brasileiros. O cearense Artur Menezes e o jovem talento paulista Pedro Bara estão se destacando na aproximação blueseira com o rock, o que é uma grande notícia.

Menezes é um guitarrista internacional, com passagens importantes por Europa e Estados Unidos. Atualmente está radicado na Califórnia, onde realiza com frequência trabalhos acompanhados de outro monstro das seis cordas brasileiro, o brasiliense Celso Salim.

"Keep Pushing", de 2018, o é o mais recente trabalho de Menzes, e o seu melhor CD até aqui. É a melhor demonstração de o porquê de ser um ganhador contumaz de prêmios nos Estados Unidos, assim como Salim.

O quarto álbum do músico cearense é o auge de um processo de maturidade de um artista sofisticado, capaz de transitar entre a sutileza de um John Pizzarelli e a energia de Bonamassa. É veloz, mas muito técnico e bastante versátil, sendo que abusa do grrove em "Keep Pushing", o que demonstra a qualidade de seu trabalho.

Abordando assuntos e variados e subgêneros distintos, dá uma aula de suingue na música "Now's the Time", por exemplo, enquanto a guitarra ganha mais energia em canções bacanas como "Keep Pushing" e "Come to Me", sendo que a faixa-título é um rock com um pé no som grooveado de Sly Stone e Otis Redding, por exemplo.

"Love'n'Roll" é puro rockabilly com os dois pés no jazz e no rhythm & blues, com arranjo de sopros sublime. Tem até rock pesado, como "'Til The Day I Die" – influência de Joe Bonamassa? Certamente.

Guitarrista, cantor e compositor, Menezes abriu recentemente o show de Joe Satriani em São Paulo e tem outros três discos lançados: "Early to marry", "#2" (pré-selecionado ao Prêmio da Música Brasileira de 2013 na categoria de "Melhor Disco em Língua Estrangeira") e "Drive Me" (2015).

Em sua trajetória, Artur esteve em turnê na Europa em 2014, onde foi headline do "Augustibluus Festival", além de fazer shows em casas de blues na Inglaterra. Em 2015, esteve por duas vezes no México e em 2013 na Argentina.

Nos anos de 2006, 2007 e 2011, residiu em Chicago, onde teve a oportunidade de dividir o palco com grandes nomes do blues – dentre eles Buddy Guy – e tocar nos mais tradicionais bares de blues de lá.

Partindo para uma área mais clássica, digamos assim, encontramos Pedro Bara, paulista da Praia Grande (SP), coladinha em São Vicente e Santos, terra do mestre Milton Medusa, do Medusa Trio.

Nuno Mindelis, o grande guitarrista de blues, já havia alertado para o talento do garoto do litoral no ano passado em bom texto para o Blog 'N Roll, do site do jornal A Tribuna.

"Heading to the Moon" é um CD bem agradável de ouvir, bem articulado e com um timbre de guitarra reverente a um blues orgânico e mais cadenciado. E o impressionante é que tudo isso vem de um garoto de 17 anos.

Muita gente pode confundir isso com um estilo econômico, afirmação que cai por terra nos ótimos solos em músicas como a incandescente "Fool's Good", a melhor do trabalho, e a técnica e versátil "I'm Alive".

Sua guitarra também brilha na pungente "Little Toy" e na boa canção "The Sweet Poison". "When Comes Night" e "Mean" também são destaques, com arranjos interessantes e riffs ousados e cativantes.

Bara é um raro talento que consegue unir versatilidade e inteligência na escolha de arranjos e timbres. Tudo é muito simples na produção, como tem de ser no início de carreira. Afinal, ninguém começa já sendo um Mindelis ou um Joe Bonamassa. Certamente é uma grande promessa da guitarra blues.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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