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Vamos celebrar o Queen no Oscar, mas com muita moderação

Combate Rock

25/02/2019 18h00

Marcelo Moreira

As comemorações são justificadas, já que faz tempo que o rock anda em baixa em vários segmentos e em várias localidades. "Bohemian Rhapsody", o filme sobre a ascensão do Queen focado na trajetória do vocalista Freddie Mercury, ganhou quatro dos cinco prêmios do Oscar aos quais concorria. Só perdeu o de melhor filme – ainda bem, pois não merecia.

Fazia tempo que o rock não ficava tão em evidência, fato que não ocorre mais nem na entrega do prêmio Grammy, o da indústria fonográfica.

Mas será que há mesmo muito o que comemorar? É sabido que o Oscar nunca foi muito amigável ao rock, tanto que todas as bandas e artistas do gênero que um dia se apresentaram por lá nunca foram muito respeitados.

Com o Queen não foi diferente na cerimônia deste domingo. A banda, com bom cantor Adam Lambert, abriu a noite com um rapidíssimo medley de alguns sucessos, em especial alguns que compõem a trilha sonora do filme.

Pela importância da banda, não merecia fazer uma microapresentação que apenas passou uma pálida noção do que é realmente o Queen. Para tocar do jeito que tocou, o Queen não precisava ter tocado no Oscar.

Ainda assim, o grupo britânico foi o nome da noite, já que o prêmio de melhor ator a Rami Malek, que interpretou Freddie Mercury, era quase certo.

De fato, o ator levou o prêmio merecidamente, já que é a melhor (única?) coisa de "Bohemian Rhapsody", uma produção meio que improvisada por conta dos imensos problemas que teve em sua produção e pelo roteiro ruim e desastrado (coisa rara na carreira do ótimo escritor Anthony McCarten).

Ok, celebremos os quatro prêmios do filme do Queen e o nome da banda novamente em alta. Malek foi magistral como o Mercury e a trilha sonora com canções maravilhosas da banda ganhou as emissoras de rádio, TV e internet, reapresentando a banda a novas gerações.

Só que continuamos presos à maldição do classic rock – estamos comemorando o que mesmo? Um repentino e passageiro sucesso de uma banda que acabou com a morte de Freddie Mercury, em 1991?

De uma banda que tentou ressurgir 15 anos depois com outro cantor (o excelente Paul Rodgers) e teve depois de se virar com um participante de reality show? De uma banda que só lançou um álbum de inéditas em 28 anos ("Made in Heaven", de 1995, não conta era sobras de estúdio)?

Vamos celebrar, mas com comedimento. Tem gente achando o máximo o "sucesso" do Queen no Oscar 2019. menos, galera, bem menos. A banda fez história, é verdade, mas a bordo de um filme ruim.

Seria exagero dizer que Malek carregou "Bohemian Rhapsody" nas costas, só que a obra, na verdade, não passa de um entretenimento razoável digno da "Sessão da Tarde" (que a TV Globo reserva diariamente, à tarde, para filmes ruins e leves), como bem definiu Mauricio Gaia, integrante da equipe Combate Rock.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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