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Morre Peter Tork, o intelectual que era o 'bobo' dos Monkees

Combate Rock

21/02/2019 17h41

Marcelo Moreira

Monkees em 1967, em turnê promocional. Da esq. para a dir., Peter Tork, Davy Jones, Micjy Dolenz e Mike Nesmith (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Não deu tempo para Peter Tork ver a sua biografia escrita por um brasileiro. O guitarrista e baixista dos Monkees, banda de enorme sucesso nos Estados Unidos entre 1966 e 1968 por conta de um seriado de TV, morreu nesta quinta-feira aos 77 anos em Nova York.

Era o único dos quatro integrantes da banda que não tinha uma biografia detalhada e coube ao jornalista brasileiro Sergio Farias escrevê-la – além de escritor, é um fanático pelos Monkees e pelo rock dos anos 60.

A morte foi anunciada por sua irmã, Anne Thorkelson, nas redes sociais, mas a causa não informada. É o segundo integrante do grupo a morrer – o inglês Davy Jones morreu de ataque cardíaco em 2012, na Flórida, aos 66 anos de idade.

Multi-instrumentista e bom compositor, sempre desmentiu a máxima de que os Monkees não sabiam cantar e tocar. Mike Nesmith, o guitarrista e também ocasional vocalista, era músico profissional quando foi escolhido para integrar os Monkees.

De família de classe média, Peter Thorkelson, seu nome verdadeiro, era um jovem erudito e mergulhado em cultura. Poliglota, logo decidiu que queria ser músico e conseguiu tocar em muitos lugares do Greenwich Village, em Nova York, no começo dos anos 60 – era o berço folk da cidade.

Apesar da ascensão de vários músicos folk em Nova York, como Bob Dylan, Tork teve dificuldades para encontrar espaço e boa remuneração. Decidiu se mudar para a Califórnia e criar uma cena folk por ali.

A sorte começou a virar quando foi escolhido entre mais de 500 candidatos para um seriado de TV, "The Monkees", que seria baseado em uma banda de pop rock. Ele tinha os requisitos básicos, pois era músico, cantava e sabia atuar, assim como os companheiros – Nesmith, Davy Jones (vocal e percussão) e Mick Dolenz (vocal e bateria).

A série teve apenas duas temporadas, apesar do imenso sucesso n a TV e nas vendas de discos. Tork liderou a rebelião dos músicos contra a proibição de tocarem seus instrumentos nos discos – eles só cantaram nos dois primeiros LPs, o que nspirou as acusações de "boy band " e de banda artificial.

Milionários e querendo tomar conta da própria carreira, os Monkees continuaram, mas foram atropelados pela onda psicodélica em 1968 e perderam o bonde da história, aidna que tenham gravado mais alguns álbuns razoáveis.

Entretanto, o que matou mesmo a banda foram os desentendimentos internos e a falta de amizade e de interesses comuns entre os integrantes.

O respeito entre eles foi diminuindo até que Tork decidiu abandonar os Monkees em dezembro de 1968 para criar uma carreira solo com o apoio da segunda esposa, que era baterista. Um ano depois foi a vez de Nesmith sair.

Entre 1970 e 1972 os Monkees seguiram como uma dupla, mas não deu certo, enquanto Tork mergulhava na depressão e no alcoolismo e Nesmith se tornava um artista e produtor country de sucesso – além de ser multimilionário por conta da herança recebida da mãe, a inventora do "liquid paper".

Com poucos altos e muitos baixos, Peter Tork teve uma carreira solo errática e oscilante, entremeada por problemas com o álcool e vários casamentos. Nem mesmo as constantes turnês comemorativas dos Monkees a partir de 1986 o recolocaram nos trilhos.

Foi somente no final dos anos 90 que abandonou o álcool e conseguiu emendar uma sólida carreira solo, voltando a compor e a eventualmente colaborar com os ex-companheiros – apesar das constantes brigas com Micky Dolenz.

Intelectual e politicamente ativo, curiosamente nunca conseguiu se livrar totalmente da fama de tolo, que era a característica de seu personagem no seriado de TV.

Entretanto, entre os roqueiros, é considerado um dos músicos mais importantes dos anos 60 – hospedou por várias vezes Jimi Hendrix em sua casa, estimulando-o e incentivando-o quando ainda era pouco conhecido nos Estados Unidos menso sendo um astro na Inglaterra.

Também foi em sua casa, na Califórnia, que Stephen Stills e Davi Crosby esboçaram um projeto juntos e ensaiaram por meses, e criaram o Crosby, Stills & Nash (Graham Nash chegou pouco depois), um grupo folk que se tornou um sucesso imediato entre 1968 e 1969 – e cresceu ainda mais com a adição de Neil Young, sugirndo então o extraordinário Crosby, Stills, Nash & Young.

O triste dessa história é que Tork, o catalisador desse projeto e o principal incentivador, acabou preterido pelo então grande amigo David Crosby, que não saía da casa do monkee. Alguns garantem que era uma mágoa que Peter c arregou por algum tempo nos anos 70.

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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