Van Halen e Rush encaram o ocaso da carreira de maneiras opostas
Marcelo Moreira
Ainda tem gente que duvida, mas o Rush acabou. E ainda tem gente que duvida, mas o Van Halen não acabou.
As duas bandas foram notícia nos últimos dez dias por conta de entrevistas de alguns de seus integrantes a veículos de comunicação dos Estados Unidos, sendo que uns foram convincentes, e outros nem tanto.
Geddy Lee, baixista e vocalista da banda canadense, disse que não há mais nada a ser feito pelo Rush, principalmente por conta da aposentadoria do baterista Neil Peart. "Ele não se aposentou da música, se aposentou da bateria", brincou o músico.
Lee afirma que não descarta que algo possa ser feito por dois dos três integrantes do grupo, mas que os três juntos provavelmente nada mais farão.
Já David Lee Roth, o vocalista do Van Halen, foi enigmático e contraditório em relação ao futuro do quarteto em algumas entrevistas na semana passada. Falou sobre muitos assuntos, mas pouco sobre o grupo.
Ao mesmo tempo em garantia que alguma coisa poderia ser feita em 2019, como uma "reunião" – sem mencionar se para shows, para gravar novas músicas e se com a presença de Wolfgang, o filho guitarrista do guitarrista Eddie Van Halen, mas que na banda toca baixo no lugar de Michael Anthony, demitido em 2005.
Infelizmente o Van Halen caminha para se tornar uma espécie de Guns N'Roses do classic rock, já que desde 1998 a banda só lançou um álbum ("Different Kind of Truth", de 2011) e realizou apenas três turnês desde a volta de Roth, em 2007. O último encontro entre os integrantes foi há quase quatro anos.
Mais do que decepção, a questão que envolve o Van Halen é um imenso desperdício de talento. Se o álbum de 2011 foi apenas razoável, esperava-se que o quarteto usasse a obra como estímulo para retomar o trabalho criativo.
A decepção com o Van Halen é quase tão grande quanto a que provocou The Who depois de lançar "Endless Wire", de 2006, após 24 anos sem álbum com músicas inéditas. Também não era brilhante, mas tinha qualidade suficiente para provocar sonhos de dias melhores aos fãs.
Pelo mesmo caminho vão os Rolling Stones, que desde "A Bigger Bang", de 2005, não se esforçam para fazer algo realmente novo em álbum, exceto por três ou quatro músicas inéditas – fracas, como "Doom and Gloom", lançadas em coletâneas esparsas. A banda parece que se acomodou no esquema de gravar versões de clássicos antigos do blues, como em "Blue and Lonesome", de 2016.
Talvez a comparação do Van Halen com o Guns N'Roses soe um pouco forçada, mas nem tanto. Se o Guns esfarelou e virou piada com o disco que levou quase 15 anos para ser lançado – "Chinese Democracy", de 2008 -, o Van Halen não corre o mesmo risco, pelo menos ainda. No entanto, a falta de interesse por novas músicas ou mesmo por turnês lançam dúvidas a respeito do futuro do quarteto californiano.
Quando ao Rush, a dignidade falou mais alto. Os três integrantes já completaram 65 anos de idade e há anos o baterista Peart reclama de problemas físicos e do esforço que tinha de fazer para tocar as complexas canções do grupo.
Não bastasse isso, o baterista nunca foi fã de turnês mundiais e nunca escondeu isso. A coisa piorou muito para ele a partir do final dos anos 90, quando a filha de 17 anos e a mulher morreram em um espaço de meses, fato que quase o fez largar a música.
Era questão de tempo que o trio encerrasse as atividades – ainda assim, foram quase 15 anos de palcos e novos álbuns desde as tragédias pessoais de Peart.
Com um fim digno e de excelentes serviços prestados, o Rush entra no panteão dos gigantes dos gigantes sem a mancha de ter ficado se arrastando pelos palcos do mundo suportada por hits do passado e do passado longínquo.
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