Deep Purple, 50 anos: rock pesado, vigoroso e incandescente
Marcelo Moreira
Cinco jovens ávidos por fazer sucesso e transformar a sua banda em referência no rock inglês. Muitas tentativas e nomes sugeridos. Muita impaciência com as coisas que não aconteciam. E eis que, como mágica, surgiu o nome que mudaria a história do rock pesado e impulsionaria o quinteto, no futuro – já co outra formação.
E foi assim que o Deep Purple começou a sua trajetória nos palcos em 20 de abril de 1968, na cidade de Tastrup, na Dinamarca – o nome foi tirado de uma canção dos anos 30 que era a preferida da avó de um dos integrantes, o guitarrista Ritchie Blackmore.
São 50 anos de história atribulada, brigas, hiatos e muita música de qualidade. Na banda que hoje está fazendo a sua turnê de despedida, apenas o baterista Ian Paice permanece – o tecladista Jon Lord morreu em 2012, mas tinha se afastado em 2003; já Ritchie Blackmore, o guitarrista genial que moldou o som do grupo, deixou o grupo pela segunda vez em 1993 para nunca retornar.
Depois de quase 20 anos deixando o rock de lado, investindo no Blackmore's Night – um projeto dedicado a músicas de inspiração medieval ao lado da esposa, a cantora norte-americana Candice Night -, Blackmore reativou o Rainbow em 2016 para apresentações esporádicas na Europa e nos Estados Unidos.
No entanto, comentou em recentes entrevistas sobre eventual reunião do Deep Purple para uma celebração do cinquentenário. "Eu acho que seria ótimo fazer apenas um show. Pelos fãs, não por nós, para mostrar que nos não odiamos uns aos outros. Eu não preciso provar nada pra ninguém, nem os caras precisam. Infelizmente, não se trata de ligar pra alguns velhos amigos e perguntar se querem tocar juntos de novo. Isso tudo envolve empresários, contratos, promotores de shows. Muitos figurões que encheriam os bolsos de grana pelo fato de nos reunirmos… é aí que a coisa fica complicada. Acho que um show seria legal. Mas seria difícil."
Ele se referia, obviamente, a uma reunião da "mark II", a segunda formação – Blackmore, Paice, Ian Gillan (vocais) e Roger Glover (baixo), além de Don Airey, atual tecladista, substituindo Jon Lord.
Outros dois músicos, David Coverdale (vocais) e Glenn Hughes (baixo e vocais). que substituíram Gillan e Glover em em 1974 e integraram, a terceira formação, fizeram vários comentários a respeito de um grande show de comemoração reunindo os atuais e os ex-integrantes. Foram solenemente ignorados por Ian Gillan (o cara que manda hoje, digamos assim), com quem dizem ter boas relações.
Diante do silêncio, os dois, a sua maneira, resolveram celebrar a importante marca e revisitaram o catálogo da banda de sua época. Coverdale gravou e lanou em 2016 "Purple Album" com o Whitesnake, com músicas do Deep Purple do período 1974-1976. E,m seguida, a banda realizou uma turnê baseada no álbum, que rendeu um CD ao vivo.
Já Glenn Hughes decidiu embarcar em uma turnê mundial com o mesmo repertório – ele toca no sábado, dia 21 de abril, em São Paulo. Mais flexível, o baixista e vocalista também incluiu "Smoke on the Water" e "Highway Star", músicas da segunda formação.
Quando passou pelo Brasil pela última vez, em dezembro passado, o Deep Purple fez um grande show, com a competência de sempre. Em, uma rápida declaração à imprensa antes de desembarcar no Brasil, Gillan, aos 72 anos, comentou que ainda havia entusiasmo para tocar ao vivo e compor mas que, em algum momento, o entusiasmo diminuirá. "É preciso saber a hora de parar antes que isso aconteça."
Reunião comemorativa com ex-integrantes? O vocalista desconversou e disse que a banda ainda tinha muito trabalho pela frente na atual turnê de despedida.
Cinquenta anos depois daquela apresentação na Dinamarca, em que Lord, Blackmore, Paice, Nick Simper (baixo) e Rod Evans (vocais) esboçavam um rock progressivo-psicodélico, o Deep Purple atingiu o invejável patamar de "instituição", assim como os encerrados e imortais Black Sabbath e Led Zeppelin.
É um nome, poderoso, sinônimo de música forte, pesada e bem feita. Deep Purple é a essência do rock enérgico e vigoroso dos anos 70 e sinônimo do melhor rock produzido na melhor época da música popular em todos os tempos.
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