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Greta Van Fleet e o sucesso do rock 'retrô'

Combate Rock

04/03/2018 07h00

Ricardo Gozzi – do site Roque Reverso

Greta Van Fleet (FOTO: DIVULGAÇÃO)

De uma cidade de pouco mais de 5 mil habitantes no Estado de Michigan para o mundo, a banda norte-americana Greta Van Fleet ganhou projeção a partir do ano passado como uma das principais promessas de um aparente resgate do rock'n'roll. A primeira grande apresentação do Greta em 2018 é esperada para o festival Coachella, mas muitos dos shows seguintes pelos Estados Unidos, pela Europa e pelo Japão já estão com os ingressos esgotados com semanas e até meses de antecedência.

Depois de dois EPs lançados no ano passado – "Black Smoke Rising" e "From The Fires" –, o quarteto formado pelos irmãos Josh (vocal), Jake (guitarra) e Sam Kiszka (baixo e teclados) e pelo baterista Danny Wagner encontra-se em estúdio para a gravação de seu primeiro álbum completo.

O nome do disco ainda não foi divulgado, mas o lançamento é aguardado – ansiosamente, diga-se – para meados deste ano.

No fim de 2017, nosso incansável editor Flavio Leonel descobriu o Greta e publicou um texto entusiasmado aqui no Roque Reverso.

Passadas algumas semanas, depois de ouvir "From The Fires" em looping incontáveis vezes, este jornalista foi atrás da banda e descolou uma entrevista por e-mail. É a primeira do Greta Van Fleet para um veículo brasileiro.

Os rapazes responderam às perguntas em conjunto. Nas respostas, demonstraram coesão e foco, enquanto falaram sobre sua música, suas influências, o primeiro álbum completo, os planos para o futuro e a relação de irmandade entre os membros.

Confira a seguir a íntegra da entrevista exclusiva do Greta Van Fleet ao Roque Reverso:

Roque Reverso – O Greta Van Fleet tem sido recebido pela crítica como a grande sensação do rock no momento. Vocês sentem como se o rock estivesse ressurgindo ou vocês são uma exceção no atual cenário musical dos Estados Unidos?

Greta Van Fleet – Nosso som se diferencia muito do rock'n'roll contemporâneo. No que diz respeito a um ressurgimento do rock'n'roll, só podemos esperar que haja um interesse crescente por um gênero muito mais eclético do que se supõe. O fato é que ele ficou relativamente adormecido ao longo das últimas décadas.

Roque Reverso – Há poucos anos vocês formaram a banda em uma cidade de pouco mais de 5 mil habitantes no interior do Michigan. Hoje vocês estão com shows esgotados na Europa e no Japão. Como tem sido lidar com uma mudança tão grande?

Greta Van Fleet – Nosso sucesso tem sido gradual o bastante, mas mesmo assim levando a um estilo de vida turbulento. Nós tivemos muito tempo para ajustar, de modo que raramente nos colocamos em situações caóticas.

Roque Reverso – Vocês estão prestes a concluir a gravação do primeiro álbum completo. Ele vai incluir as canções dos dois EPs já lançados ou serão apenas músicas inéditas?

Greta Van Fleet – O novo álbum conterá um material totalmente original. O tempo de execução será mais longo do que os dois EPs juntos.

Roque Reverso – É inevitável ouvir Greta Van Fleet sem perceber referências explícitas ao Led Zeppelin, principalmente pelos vocais e pelas guitarras. A voz de Josh influenciou esse direcionamento? Quais outras influências musicais vocês consideram importantes para a banda?

Greta Van Fleet – O som da banda baseou-se inicialmente nos riffs de guitarra do Jake. Ao longo dos anos nosso som evoluiu para algo muito mais técnico e complexo. O álbum certamente trará à tona novas dimensões do som Greta Van Fleet em relação ao que foi explorado anteriormente. Quanto ao amplo espectro de influências que personificam uma composição do Greta Van Fleet, pode-se dizer que há inspirações demais para se listar, mas tudo dentro de gêneros como o blues, o soul, o funk, o folk, o jazz, a world music e por aí vai.

Roque Reverso – Como vocês foram introduzidos ao rock'n'roll? Seus amigos de infância ouviam as mesmas bandas que vocês? Ou foi por influência de alguém da família?

Greta Van Fleet – Quando éramos crianças, fomos expostos à música de raiz e mais tarde descobrimos o rock'n'roll como uma versão personificada de muitos gêneros. Nosso pai desempenhou um papel importante no nosso consumo de blues e folk, o que acabaria incorporado ao nosso som. Quanto aos amigos da nossa idade, a maioria das músicas que vale a pena ouvir estava fora da equação para eles.

Roque Reverso – De que maneira a gravadora conheceu o trabalho de vocês?

Greta Van Fleet – As gravadoras entraram em cena bastante cedo, mas no fim com Jason Flom, da Lava Republic.

Roque Reverso – Batizar a banda com o nome de uma senhora da cidade natal de vocês foi uma homenagem direta ou acidental? Como ela lidou com isso?

Greta Van Fleet – Não foi intencional nomear a banda Greta Van Fleet, em um sentido que foi tributo a uma senhora da nossa comunidade. Nós não conhecíamos pessoalmente a senhora Gretna Van Fleet, mas admiramos o nome e a tradução holandesa. Desde o advento do nosso sucesso, ela esteve envolvida em publicações locais e expressou sua gratidão à banda que a homenageou.

Roque Reverso – Quais as vantagens e as desvantagens de três dos quatro membros da banda serem irmãos? Uma pergunta específica para Danny: como é trabalhar com eles?

Greta Van Fleet – Estamos envolvidos em uma agenda tão intensa que não temos tempo para picuinhas. Daniel é considerado um membro da família e é tido por nós como um irmão.

Roque Reverso – Além do novo álbum, quais os planos para o futuro da banda? Receberam alguma sondagem para shows na América do Sul?

Greta Van Fleet – A banda como um todo deseja avançar com grandes expectativas para o futuro e espera um dia poder tocar na América do Sul.

Roque Reverso – Quem está produzindo o álbum?

Greta Van Fleet – Al Sutton, Marlon Young e Herschel Boone estão de volta para a produção do nosso primeiro álbum completo.

Roque Reverso – Onde está sendo gravado?

Greta Van Fleet – Estamos alternando entre o Rustbelt Studios, em Michigan, e o Blackbird Studios, em Nashville, Tennessee.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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