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A energia, a juventude e a qualidade da banda Greta Van Fleet

Combate Rock

19/12/2017 17h00

Flavio Leonel – do site Roque Reverso

Greta Van Fleet (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Vem da cidade de Frankenmuth, do Estado norte-americano de Michigan, uma das boas revelações do rock do Século XXI. Com energia, juventude e qualidade, o grupo Greta Van Fleet gera esperança positiva para o futuro do estilo musical, tão carente de bandas e artistas novos impactantes.

Formado por quatro jovens em 2012, o grupo traz um som de respeito, que leva o fã ora a um hard rock de primeira ora a um blues rock de qualidade.

São três irmãos: o vocalista Josh Kiszka, o guitarrista Jake Kiszka e o baixista Sam Kiszka.

Além dos três, completa o grupo o baterista Danny Wagner.

Os garotos, que hoje estão na faixa dos vinte anos de idade, ainda não têm um CD oficial, mas já lançaram em 2017 dois EPs.

O primeiro deles foi "Black Smoke Rising". Chegou ao mercado no dia 21 de abril, com quatro faixas: "Highway Tune", "Safari Song", "Flower Power" e "Black Smoke Rising".

O segundo EP, com o título "From the Fires", foi lançado no dia 10 de novembro. É, na verdade um duplo EP, que traz as quatro primeiras faixas do disco de estreia, além de mais quatro músicas novas: "Edge of Darkness", "A Change Is Gonna Come", "Meet on the Ledge" e "Talk on the Street".

Os garotos já têm um clipe oficial, da música "Highway Tune", que é um cartão de visitas para ninguém botar defeito. O vídeo está no YouTube desde abril de 2017 e, até este dia 2 de dezembro, já contava com nada menos que 5,5 milhões de visualizações.

A impressão imediata e inevitável ao ouvir as músicas do Greta Van Fleet é que a banda tem muito, mas muito mesmo de Led Zeppelin. O som é parecidíssimo em quase todas as músicas, mas o que é mais assustador é a semelhança vocal de Josh Kiszka, que parece um Robert Plant mais novo.

Tanto nas faixas com mais energia como nas músicas mais cadenciadas, ele usa e abusa de uma voz claramente privilegiada por algum feito divino. O leitor mais exigente pode até achar que é algum efeito sonoro de estúdio, mas basta conferir o vídeo ao vivo de "Safari Song", disponível também no YouTube, para chegar a constatação que o garoto é bom demais.

Mais do que isso, Josh Kiszka, mesmo com a pouca idade, mostra dominar os agudos sem precisar detonar as cordas vocais. Neste mesmo vídeo citado, ele canta como se estivesse apreciando um quadro num museu, sem forçar e como se fosse a coisa mais natural do mundo tirar notas que muitos intérpretes sofrem para alcançar.

As qualidades do Greta Van Fleet não se concentram apenas no vocalista. Tudo porque o guitarrista Jake Kiszka também mostra categoria com riffs e solos e a cozinha, formada pelo baixista Sam Kiszka e o baterista Danny Wagner, deixam satisfeitos os amantes do bom e velho rock n' roll.

A faixa "Flower Power" traz uma melodia muito bem montada e, novamente, Josh Kiszka chega a assustar pela semelhança com Plant, desta vez em algo mais calmo e perfeito para "viajar" com a canção.

Obviamente, há que critique a banda pelo som parecidíssimo com o do Led Zepellin. Mas a pergunta para esta comparação também é muito fácil de ser feita: Qual o problema de o som dos garotos parecer e lembrar demais uma das maiores bandas da história do rock?

Se fosse algo mal feito, as críticas seriam justas, mas o Greta Van Fleet não é uma cópia incapaz de apresentar algo novo. Ao ouvir as faixas dos EPs lançados, fica claro que os garotos têm potencial para seguir em frente e trazer energia para um estilo musical que hoje brilha mais pelas bandas antigas do que pelas novas.

Com o Greta Van Fleet, há quase certeza que os fãs mais velhos do rock vão dar o suporte comercial necessário para que os garotos prossigam na carreira promissora. Resta saber se as gerações mais novas, hoje claramente muito mais apreciadoras de outros gêneros, como o rap, o R&B e a música eletrônica (em todo o planeta) e o sertanejo, o pagode e o funk carioca (no Brasil), dará espaço para isso.

O fato é que, para fazer com que o rock retome certos espaços perdidos na mídia mais popular, é preciso algo de impacto, que vem sendo cada vez mais raro entre bandas novas do estilo.

O Greta Van Fleet inevitavelmente gera um impacto natural para quem ouve a banda pela primeira vez. Este jornalista, assim que teve contato com a banda, como teste, repassou para inúmeros amigos o som do grupo e as reações foram todas de surpresa e empolgação. Mesmo os que consideraram a banda parecida demais com o Led Zeppelin, não negaram as qualidades dos garotos.

Alguns grupos também mais recentes do Século XXI, como o Rival Sons e até o Wolfmother, já foram comparados com o som do Led Zeppelin e depois seguiram carreira consistente e elogiável. Fica a torcida para que o Greta Van Fleet siga com a energia e qualidade demonstrada e leve o rock n' roll para o lugar de respeito que merece.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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