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Blackmore's Night: há 20 nos Ritchie Blackmore partia para o 'exílio'

Combate Rock

30/11/2017 06h45

Marcelo Moreira

FOTO: DIVULGAÇÃO

Há 20 anos um dos maiores guitarristas de todos os tempos resolveu desacelerar. Já eram vários dissabores nos anos anteriores, como as muitas desavenças com antigos companheiros e a reencarnação de outra banda que não deu certo. A opção encontrada foi o exílio.

Ritchie Blackmore tinha brigado novamente com os ex-amigos do Deep Purple e deixou a banda no final de 1993. Rapidamente recriou o seu Rainbow, que durou menos de dois anos.

Sem paciência, se enfurnou em uma propriedade rural no nordeste dos Estados Unidos com a então nova mulher, uma jovem cantora norte-americana chamada Candy Night.

Entre grilos, raposas, esquilos e alces, o guitarrista teve a ideia de ajudar a mulher a gravar alguns singles natalinos. E então os dois criaram o Blackmore's Night.

O que ninguém esperava é que Ritchie decidisse voltar a estudar e praticar violão clássico no período, o que definiu o som do novo projeto: a técnica apuradíssima do guitarrista e violonista casou-se perfeitamente com a voz delicada e angelical da esposa. E o que era um rock-pop virou música de inspiração medieval e renascentista.

O Blackmore's Night era para ser um gruo de bardos esquisitos fazendo música temática pela costa leste dos Estados Unidos – havia pouca disposição do casal de viajar pelo mundo com sua trupe medieval. Só que o projeto cresceu e a banda começou a ser muito requisitada na Europa.

Inusitado e intenso, o grupo fez turnês europeias com regularidade, sobretudo tocando em castelos medievais na Alemanha, na França, na Itália e nos países escandinavos. Casas de concertos eruditos também se foram ocupados em giros de completo sucesso.

O acerto do casal foi estupendo. O que era para ser um projeto de música "folclórica", como gostam de dizer os detratores, rendeu 11 CDs com músicas inéditas, um álbum ao vivo e dois DVDs.

Aliás, detratores é o que não faltam para o Blackmore's Night, sobretudo no Brasil e entre os fãs do Deep Purple e do Rainbow, inconformados com o "exílio" do ídolo.

Na Europa, os roqueiros e fãs das duas bandas estranharam bastante a opção de Blackmore, mas parte deles aceitou e apoiou. No Estados Unidos houve certa euforia no começo, mas foi seguida, algum tempo depois, por certa indiferença.

O guitarrista nunca trouxe o grupo ao Brasil. Alguns produtores culturais tentaram, mas desistiram ao saber dos custos para trazer um projeto que, na verdade, era um risco financeiro, apesar do nome fortíssimo de Blackmore.

Conversei com dois nomes fortes do mercado nacional do ramo e não fiquei convicto a respeito do suposto risco financeiro. Imagine o Blackmore's Night fazendo concertos na Sala São Paulo ou no Teatro Municipal da capital paulista?

O projeto com a esposa é de extrema qualidade e certamente agradará a quem gosta de expandir o leque de gostos musicais.

Curiosamente, às vésperas de de completar os seus 20 anos de autoexílio, o guitarrista resolveu matar a saudade do rock pesado ao recriar o Rainbow para quatro apresentações em 2016 na Europa, que inclusive renderam um CD/DVD ao vivo, "Live in Birmingham", tendo como vocalista o desconhecido norte-americano Ronnie Romero. Ele gostou da coisa e mais alguns shows foram marcados para o começo deste ano.

De qualquer forma, não esperemos que isso se torne rotina do recluso guitarrista de 73 anos. O Blackmore's Night é a sua prioridade, mesmo que esteja em hibernação. Portanto, desfrutemos o excelente Blackmore's Night em toda a sua plenitude.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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