Morre Holger Czukay, do Can, um dos visionários do rock
Marcelo Moreira
Um cientista sério na aparência, uma mistura de Albert Einstein com o humorista Groucho Marx, reconhecido como um profissional de altíssima qualidade e de excelência em sua área.
Os elogios não são poucos para descrever o excêntrico músico alemão Holger Czukay, um dos cérebros por parte do Can, respeitadíssima banda europeia de vanguarda e nome de ponta do que se convencionou a chamar de "krautrock".
Czukay morreu na quarta-feira, 6 de setembro, aos 79 anos, no estúdio que mantinha na cidade de Colônia, na Alemanha. As causas ainda não foram divulgadas.
É a segunda perda do grupo este ano, depois de um outro importante membro fundador, o baterista Jaki Liebezeit, ter morrido em janeiro.
Excêntrico, mas bem-humorado, Czukay sempre foi ativo na música mesmo fora do grupo, do qual nunca fez questão de voltar ou a manter contato com ex-companheiros.
Alguns deles fizeram este ano uma apresentação na Inglaterra, com orquestra, para comemorar os 50 anos de fundação do Can. Preferiu ficar longe de qualquer coisa neste sentido.
Não era de dar entrevistas. Quando falava, era verborrágico e não se sentia confortável em ser rotulado como roqueiro progressivo. "Música é universal", dizia.
Aluno do compositor erudito Karl Heinz Stockhausen, foi um dos pioneiros a trabalhar na música com sons eletrônicos, sampler e colagens sonoras de todos os tipos. Há quem diga que ele o Can tiveram influência colossal sobre os conterrâneos do Kraftwerk.
Em belo texto escrito no jornal português Público, de autoria de Vitor Belanciano, Czukay era, no Can, a figura central, o homem do baixo, "embora fosse um multi-instrumentista e um estudioso das propriedades sonoras, não surpreendendo que fosse dele a responsabilidade pela gravação e edição final do som do grupo, desde o álbum inicial, "Monster Movie" (1969)".
Com o Can viria a criar nove álbuns, o último dos quais em 1977 com "Out Of Reach", saindo pouco depois para se focar no seu percurso solitário, lançando logo de seguida "Movie!" (1979), um dos seus mais relevantes álbuns a solo que foi reeditado o ano passado.
Em um mês em que ocorreram as mortes de David Hlubek (Molly Hatchet) e Walter Becker (Steely Dan), a partida de Holger Czukay dá a impressão de que o classic rock está esfarelando de forma indelével e rápida.
E quando quem parte é um daqueles visionários, um cara que empurrou a música para uma era de ousadia e criatividade extremas, a sensação de vazio fica muito mais evidente.
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