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Cancelamento de mostra no Sul revela o perigo da cruzada conservadora burra

Combate Rock

11/09/2017 06h42

Marcelo Moreira

FOTO: DIVULGAÇÃO/SANTANDER CULTURAL)

Se alguém tinha dúvidas de que a a sociedade brasileira trilha um caminho perigoso, elas deixam de existir após a postura nojenta e lastimável tomada pelo banco Santander em Porto Alegre (RS).

Neste domingo (10), veio a público a notícia asquerosa de que o banco decidiu cancelar uma exposição de artes plásticas devido a ataques em redes sociais de gentalha conservadora e da pior espécie que não suporta a liberdade artística e de expressão.

De acordo com o jornal gaúcho Zero Hora, "Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira" tornou-se alvo de uma polêmica inacreditável.

"Queermuseu", com obras de artistas como Adriana Varejão, Cândido Portinari, Ligia Clark, Yuri Firmesa e Leonilson, foi acusada, em redes sociais, de blasfêmia a símbolos religiosos e de pedofilia. Veja bem o quilate doa artistas com obras expostas: CÂNDIDO PORTINARI, LIGIA CLARK E LEONÍLSON.

Foram registradas manifestações virulentas nas redes sociais neste fim de semana – perfis de entidades e pessoas asquerosas acusam a mostra de promover da blasfêmia contra símbolos católicos à pedofilia.

A vergonhosa atitude do Santander Cultural foi encerrar a mostra, que estava prevista para seguir até 8 de outubro.

Isso é só o começo. Esse bando de vagabundos que vê ofensa até em bula de remédio não vai parar. Vai perturbar tanto até que gente fraca como os responsáveis por esse tal de Santander Cultural, que demonstrou ser uma nulidade em todos os sentidos, ceda e jogue a cultura depredada desse nas trevas e no limbo.

Não tenhamos ilusões: se esses lixos humanos que atacaram a mostra cultural no Rio Grande do Sul obtiveram essa vitória, não tardará até que o o rock e outras manifestações culturais ligadas ao movimento negro e às periferias sejam alvos.

De tempos em tempos observamos manifestações isoladas, mas violentas, contra o rock no Brasil e em vários países do mundo. Por mais que provoquem escândalo e indignação, não costumam ser levadas a sério.

Essa situação precisa ser encarada de outra forma a partir de agora. Que os protestos contra a atitude lamentável do Santander Cultural em Porto Alegre comecem imediatamente para fazer frente a essa onda conservadora burra e desprovida de sentido.

Hoje foi uma mostra de artes plásticas/gráficas sem grande expressão. Amanhã serão o cinema, o teatro, a música pop, o rap e todas as manifestações culturais e artísticas da periferia.

Leia a estapafúrdia justificativa do Santander Cultural para encerrar a exposição:

"Nos últimos dias, recebemos diversas manifestações críticas sobre a exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na América Latina. Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra.

O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia. Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão. Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade.

Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana.

O Santander Cultural não chancela um tipo de arte, mas sim a arte na sua pluralidade, alicerçada no profundo respeito que temos por cada indivíduo. Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09. Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a promoção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos".

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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