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Mulheres caem de cabeça no som pesado apostando no stoner rock

Combate Rock

09/07/2017 06h56

Marcelo Moreira

As mulheres invadiram o subgênero do stoner rock a partir de 2015 e são as principais responsáveis por colocar suas bandas em postos altos das paradas musicais, sobretudo na Europa. Mergulharam no rock pesado e retrô e reforçam a tendência de bandas de viés setentista de dominarem o mercado hoje, como ocorre com Rival Sons, Scorpion Child, Vintage Caravan e Horisont.

A principal dessas bandas é a multinacional Blues Pills, que tem a vocalista sueca Elin Larsson como principal nome, ao lado do guitarrista francês Dorian Sorriaux.

A banda investe em um som que mescla blues rock e hard rock setentista, chamando a atenção quando do lançamento de seu primeiro álbum, autointitulado, em 2015.

O sucesso inesperado transformou a vida da banda, que ficou muito tempo na estrada e se mudou para a Suécia para gravar "Lady in Gold", lançado no ano passado.

Blues Pills (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Blues Pills (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A guitarra é o ponto forte, melódica e bem tocada, com solos dignos dos mestres guitarristas dos anos 70. Já a cantora mostra um feeling extraordinário, enquanto equilibra potência e timbre de forma satisfatória. É um dos grandes nomes do rock europeu desde ano de 2017.

Da Europa também aparecem duas boas bandas de um stoner mais pesado do que o Blues Pills. A Purson é da Inglaterra e gravita em torno da cantora e guitarrista Rosalie Cunningham, cuja voz potente transita entre o drama de Janis Joplin e o peso da alemã Doro Pesch.

Assim como a Blues Pills, é uma banda nova, com pouco mais de cinco anos de carreira. Seus dois álbuns, "The Circle and the Blue Door" e "Desire's Magic Theatre", ainda mostram uma banda energética em busca de seu som característico, ainda muito calcado em Led Zeppelin, mas o que já está no mercado mostra uma band promissora.

A outra banda interessante vem da Grécia. Freerock Saints, contratada da gravadora norte-americana Grooveyard Records, fica em um meio termo entre Purson e Blues Pills, tendendo mais para o blues rock.

A cantora Areti Valavanopoulou é o destaque, com a grande colaboração do guitarrista Stavros Papadopoulos. O grupo esteve em turnê pela Europa até há pouco divulgando o álbum "Blue Pearl Union" e angariou elogios da imprensa especializada de vários países.

A base do som é o rock setentista que foi resgatado pelos Black Crowes com um tempero texano de bandas como Sunset Heights. Areti tem uma boa extensão vocal e consegue modular de forma interessante, indo da voz delicada à rasgada sem muitas dificuldades.

Do Canadá vem o No Sinner, uma banda de hard rock que bebe na fonte do Heart, banda norte-americana dos anos 70 liderada pelas irmãs Ann e Nancy Wilson.

Quem lidera é a ótima cantora Colleen Rennison, responsável pela maioria das composições. A banda promove seu segundo álbum, "Old Habits Die Hard", que não foi muito bem recebido pela crítica canadense, mas que surpreendentemente está tendo bom desempenho nas web rádio, da América do Norte.

As comparações com o Halestorm, liderado pela cantora e guitarrista Lzzie Hale, são injustas – No Sinner é considerado uma cópia da banda norte-americana. Os canadenses optam por um som bem mais pesado, sem tanto virtuosismo, e são um pouco mais ousados nos temas de letras, afastando-os do som mais pop e pegajoso do Halestorm.

Encerramos com uma grata surpresa brasileira na área do stoner rock. A banda Freak Company, de Campinas, voltou recentemente de Los Angeles, onde masterizou o seu primeiro EP, autointitulado.

Criada em 2012, está centrada no casal Flávia Stella (vocais) e Jehan Gabriel (guitarra) – completam a formação o baixista Henrique Ucci e o baterista Atus Filigoi.

A ideia era fazer uma fusão de influências que vão de Black Sabbath, Queens of the Stone Age e Red Hot Chili Peppers, como afirmam seu site, mas a coisa extrapolou. O som tem muito de Sabbath, mas também de Led Zeppelin e Deep Purple, com um som setentista nítido e explícito.

É stoner, mas também é hard rock graças ao groove da guitarra de Gabriel. É pesado, mas tem um balanço sedutor que é difícil encontrar em bandas brasileiras que se aventuram pelo gênero.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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