Paul McCartney, 75: cada vez mais mito, cada vez mais gênio
Marcelo Moreira
O beatle delicado e bonitinho, das baladas e dos hits românticos; o beatle ousado, antenado e do rock pesado. Escolha qual é o Paul McCartney que mais lhe agrada no mês de seus 75 anos.
Compositor extraordinário, tão importante quanto Bob Dylan para a música pop, Paul ainda tem a capacidade de contornar as controvérsias, mesmo quando se envolve em divórcios barraqueiros ou é alvo de biografias que fazem questão de mostrar o seu lado mais feio.
E essa habilidade se transforma em mágica quando se entra no estádio e ele começa a tocar e cantar seus milhares de clássicos, fazendo desaparecer qualquer nuvem escura que esteja por perto.
Ele demorou bastante, mas parece que gostou bastante do Brasil, tanto que virou presença mais do que assídua em várias das capitais brasileiras desde os ano 90.
Contrariando a corrente, a cada show, a cada ano, o espetáculo é melhor e mais agradável. Aos 75 anos, faz de cada noite no palco, em extensas turnês mundiais, um evento sublime, perfeito e inesquecível, como quando esteve em terras brasileiras no ano passado.
Ora, ele é um ex-beatle. Precisa fazer isso? Pai atarefado e avô discreto, como ele mantém a capacidade de brilhar 60 anos depois de tocar em escolas em igrejas na quase provinciana Liverpool dos anos 50?
Mais do que um privilégio, é uma necessidade saber que ele volta em breve e poder ver numa arena um artista que é quase um símbolo de um gênero musical e sinônimo de música pop.
A mais recente biografia de Paul em português, "Paul McCartney – A Biografia", do escritor e jornalista Philip Norman (Companhia das Letras), é correta, mas aproveita para mergulhar em detalhes da personalidade diversa e "multifacetada", para usar o clichê de sempre.
Norman, que já escreveu sobre os Beatles e John Lennon, não economiza na constatação da genialidade, e também em como o rostinho bonito da banda é vingativo, ranzinza, rancoroso e, em alguns momentos, manipulativo. Ou seja, os gênios são bastante humanos e mundanos, e bem mais do que imaginamos.
Não deve ser uma coisa fácil ser um ícone cultural vivo – assim como não deve ser fácil passar a vida inteira carregando o nome Pelé para lá e para cá.
Paul insiste que consegue levar o cachorro para passear de vez em quando em Londres, ou em alguma propriedade que mantém em ilhas do Caribe.
Não parece crível que qualquer mortal tenha a grande sorte de um dia esbarrar em um beatle em pleno Hyde Park, em Londres, ou no Central Park, em Nova York, acompanhando o poodle para fazer cocô.
Tudo bem que em São Paulo, anos atrás, o mundo parou quando ele decidiu dar uma pequena voltinha de bicicleta cercado por seguranças, mas enfim…
Paul McCartney, assim como Elvis Presley, Chuck Berry, John Lennon, Bob Dylan, Eric Clapton, Pete Townshend, Roger Waters, Jimmy Page e Robert Plant, é um símbolo do nosso tempo. É responsável direto pela música como a escutamos hoje, pelo rock ter tomado a forma que tomou e, principalmente, pela importância que a cultura pop adquiriu.
Ele até pode ter alguma noção, mas, provavelmente, não faz ideia da dimensão de sua existência para os mortais como nós. Agradecê-lo é obrigatório por tudo e por muito, muito mais.
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