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Com clássicos, faixas mais recentes e muito peso, Slayer reina soberano no Maximus Festival

Combate Rock

16/05/2017 07h00

Flavio Leonel – do site Roque Reverso

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O Slayer passou pela cidade de São Paulo e foi uma das atrações principais do Maximus Festival 2017, realizado no dia 13 de maio no Autódromo de Interlagos. Com uma performance recheada de clássicos da carreira, faixas do disco mais recente e, sobretudo, muito peso, a veterana banda norte-americana de thrash metal reinou soberana no evento repleto de nomes que iam do hardcore e o punk a vertentes distintas do heavy metal.

A apresentação do Slayer ganha ainda mais em importância, se for levada em conta a sucessão de obstáculos que o grupo foi obrigado a enfrentar nos últimos anos.

Após a morte do guitarrista Jeff Hanneman e da saída do baterista Dave Lombardo, ambas em 2013, houve quem apostasse num provável fim da banda com o decorrer dos anos, mas, quem esteve em Interlagos, conseguiu observar que os veteranos do thrash ainda têm muito gás e qualidade para proporcionar.

Não que este sentimento não tivesse já sido observado quando o Slayer passou em 2013 pelo Rock in Rio e no show que fez com o Iron Maiden em SP, mas, no Maximus Festival, após lançar em 2015 o ótimo álbum "Repentless", havia uma certa curiosidade pra saber como a banda estaria ao vivo.

Para muitos no Brasil que não tiveram a oportunidade de ver o grupo após o lançamento de "Repentless", o disco tinha cheiro daqueles álbuns feitos para encerrar a carreira de uma maneiras honrada. Com isso, havia certa dúvida se o Slayer estaria apenas "cumprindo tabela" ao vivo, mas este poderia ser um pensamento errado daqueles que não conhecem de verdade esta veterana banda.

O Slayer é daqueles grupos que não entram em festival para perder. Se são escalados, os músicos são daqueles que chegam com "sangue nos olhos" e com a intenção de mostrar que são os melhores entre as atrações listadas. O Maximus Festival tinha vários nomes respeitáveis e com qualidade, mas nenhum com a experiência da banda norte-americana de thrash metal.

Todos estes anos de estrada foram fundamentais para o Slayer nadar de braçada e entregar ao público um show pesadíssimo e sem concorrência possível. No Maximus Festival, o grupo agradou aos velhos fãs e, sem dúvida, angariou, no mínimo, novos simpatizantes que ainda não haviam visto um show da banda ao vivo.

O show

Com a introdução gravada da faixa "Delusions of Saviour", do mais recente álbum, o Slayer subiu ao palco já provocando a ansiedade da plateia. Com a música título "Repentless", rodas e rodas de mosh foram formadas na grande pista e chegaram a expulsar alguns fãs do Linkin Park que estavam aguardando o último show da noite no mesmo palco.

As músicas mais antigas começaram a aparecer logo em seguida. "Disciple", "Postmortem", "Hate Worldwide" e "War Ensemble" vieram pra mostrar que bagagem não faltava à banda, com destaque para a levada característica de "Postmortem" e para o peso e agressividade de "War Ensemble".

Vale salientar o trabalho de bateria de Paul Bostaph, que parece estar em fase ainda melhor do que na vinda em 2013. Com um instrumento equalizado capaz de gerar aquelas pancadas sonoras que "explodem" no peito do público, Bostaph foi uma das atrações da noite.

Após mais uma boa do disco recente, "When the Stillness Comes", o Slayer trouxe a sempre ótima "Mandatory Suicide", que costuma ficar entre as melhores executadas nos shows da banda. No Maximus Festival não foi diferente, já que Tom Araya (vocal e baixo), Gary Holt (guitarra) e Kerry King (guitarra) mostraram perfeita sintonia com a bateria de Paul Bostaph.

Não foram poucas as vezes que este jornalista presenciou durante a apresentação pessoas literalmente com a boca aberta, admirando a capacidade de unir rapidez e peso do Slayer. Num momento em que são escassas novas bandas com este tipo de combinação, foi interessante observar gente de geração mais nova se surpreendendo e comentando a performance dos norte-americanos.

Após a faixa "Fight Till Death" do primeiro álbum, o Slayer ofereceu ao público um verdadeiro momento de "melhores da carreira". Praticamente sem deixar a plateia respirar, o grupo trouxe nada menos que a sequência formada por "Dead Skin Mask", "Seasons in the Abyss" e "Hell Awaits".

Mantendo a tradição de falar pouco e agir mais, a banda norte-americana deu uma verdadeira aula do bom e velho thrash metal. Pouco mais de 1 mês depois de ver o Metallica com um excelente show no mesmo Autódromo de Interlagos, o Slayer mostrou o quanto esses grupos precursores do estilo são necessários.

"South of Heaven" veio na sequência após uma leve pausa e foi mais uma que mostrou entrosamento perfeito dos músicos. Com esta oferta de bom som do Slayer, o ingresso para o festival já teria valido muito a pena, se esta banda fosse a única escalada.

Mas coisas boas ainda viriam na parte final do show, com três ultraclássicos do grupo. "Raining Blood" é um verdadeiro hino do thrash metal e, para quem é fã do estilo, sua execução ao vivo é quase uma experiência obrigatória. "Black Magic" é aquela faixa que traz todos os elementos do thrash e que, dificilmente, não provoca um natural bate-cabeça. "Angel of Death" é o supra-sumo da agressividade, tanto em letra como em música e merece estar no hall das faixas que honram os petardos do rock n' roll.

Fim de papo, fim de show. Sem firulas e frescuras, o Slayer trouxe seu tradicional rolo compressor musical para São Paulo e fez a alegria dos fãs, muitos deles ali presentes exclusivamente para ver a banda.

O saldo final foi mais uma apresentação que ficará na memória dos headbangers paulistanos. Mesmo com todos os percalços enfrentados desde 2013, o Slayer sobrou no Maximus Festival.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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