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Raimundos fazem releitura de sucessos em turnê acústica, mas sem perder a ‘paulera’

Combate Rock

10/05/2017 06h39

Circe Bonatelli*- publicado originalmente no site Roque Reverso

FOTO: CIRCE BONATELLI/ROQUE REVERSO

Os Raimundos estão em turnê nacional para divulgação do lançamento do DVD acústico, que traz um compilado de grandes sucessos e algumas músicas mais recentes.

Todas as faixas têm releituras muito originais, com os riffs pesados das guitarras substituídos pelo instrumental de uma "mini big band" de veia roqueira. Embora o novo projeto não tenha canções inéditas, é como se tivesse. Com roupagem acústica e novos arranjos, as músicas ganharam versões capazes de surpreender.

A linha de frente do show tem Digão (violão e vocal), Canisso (baixo acústico), Marquim (violão e backing vocal), Caio (bateria) além do ex-guitarrista do Charlie Brown Jr, Marcão (violão).

O palco é complementado pelos músicos no comando de percussão, teclados, violinos, sax, trompete e trombone. Também estão lá o triângulo e a sanfona, que marcaram o forró-core criado pelo grupo.

A turnê tem a participação especial de Fred Castro, baterista da formação original dos Raimundos, assumindo as baquetas em duas músicas ("Selim" e "Cintura Fina"). Já o DVD do show acústico, gravado em novembro de 2016 em Curitiba, tem outras presenças ilustres, como Ivete Sangalo (em A Mais Pedida), Dinho Ouro Preto (Mulher de Fases) e Alexandro Carlos (Deixa eu Falar).

Repertório e show

Os Raimundos passaram por São Paulo no sábado, 6 de maio, em um ótimo show no Teatro Bradesco. A casa estava lotada, com cerca de 1.400 pessoas, numa comunhão que mostrou mais uma vez a fidelidade dos fãs à banda.

O espetáculo acústico entusiasma com um repertório de 27 músicas. Todas são apresentadas em novas versões, mas sem perder a essência. A abertura do show tem "Gordelícia", uma das músicas de trabalho do último álbum ("Cantiga de Rodas", 2014). A música – de letra maliciosa, pegada rock/reggae, com metais e novos arranjos – dá o tom do que será o show acústico.

Em seguida vêm sucessos dos velhos tempos. Com "Palhas do Coqueiro" ("Raimundos", 1994), "O Pão da Minha Prima" ("Lavô Tá Novo", 1995) e "Papeau Nuky Doe" ("Cesta Básica", 1996), a banda levanta de vez a galera, que tem as letras na ponta da língua.

Depois, é hora da 'paulera'. As trilhas "Rapante" ("Raimundos") e "Sereia da Pedreira" ("Lavô Tá Novo") comprovam que é possível fazer rock pesado em um show acústico.

No palco, atrás da banda, um telão de led passa vídeos desenhados numa estética pop art, com temas ligados às músicas. Tem, por exemplo, as caveiras com chapéu de cangaceiro (marca registrada da banda) e bundas atoladas no selim da bicicleta. Tudo bem caprichado, afinal é uma ocasião especial.

Durante o show, dá pra ver que os caras estão felizes com o novo trabalho. Digão e Canisso fazem gracinhas e interagem com o público. Todo mundo bem à vontade. No meio da apresentação, anunciam a presença de Fred, que tem o nome gritado pela multidão.

'Chupa, Rodolfo!'

O ex-vocalista Rodolfo Abrantes, que deu uma guinada na vida e deixou a banda em 2001, também foi lembrado. Em alguns momentos, pode-se ouvir entre o público o grito "Chupa, Rodolfo !!!". De fato, a banda está muito bem, e ele perdeu um show ótimo. Azar dele. Por outro lado, é preciso ressaltar que, de alguma forma, ele estava lá. As músicas que mais acendem a galera ainda são da época de Rodolfo como vocalista e peça-chave como letrista.

Em suma, o projeto acústico dos Raimundos é nota 10 e dá um novo gás à banda. Tomara que também sirva de inspiração para futuros álbuns de inéditas.

*Circe Bonatelli é jornalista da Agência Estado.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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