Os novos (e não tão novos assim) magos da guitarra
Marcelo Moreira
Em um mundo cada vez mais interligado pela internet e pelas vias digitais, as informações estão cada vez mais pulverizadas. Muita gente tem dificuldade de achar a informação correta ou necessária em meio a uma balbúrdia de sites e portais.
Curiosamente, quando é possível acessar imediatamente milhares de informações sobre bandas de rock no mundo tudo, tem gente exasperada que ainda pergunta: o que você anda ouvindo de bom ultimamente? O que tem de legal na música que as rádios – de dial ou web – não tocam?
Desde meados do ano passado ouço essa pergunta ao menos cinco vezes por semana. Por conta disso, surgiu a ideia de listar alguns artistas que andam tocando em meus aparelhos de reprodução de MP3 e CD players (ainda tenho alguns em casa). Como tenho me dedicado bastante ao blues rock nos últimos meses, farei rápidas indicações de bons guitarristas do subgênero ao longo de uma série de textos, começando hoje.
Joe Bonamassa – É o principal nome do bues moderno, com uma carreira solo consistente desde 2000. O menino que aos 12 anos subiu ao palco com B.B. King e que aos 17 liderou uma banda de hard rock (Bloodline) tornou-se um estilista do gênero, indo do blues acústico ao hard rock com uma qualidade impressionante e uma gama de referências que assusta. Não é à toa que é conhecido como o "nerd da guitarra", não só pela dedicação ao instrumento, mas também por ser workaholic, trabalhando em vários projetos ao mesmo tempo e lançando três ou quatro CDs por ano, solo, ao vivo, com a banda Black Country Communion, com a cantora Beth Hart ou com o projeto Rock Candy Funk Party. É tão respeitado aos 39 anos de idade que já recebeu elogios de Eric Clapton, Jeff Beck e Warren Haynes (Gov't Mule).
Obras de referência: como artista solo, "Drving Towards the Day Light", "Blues of Desperation", "Live at Royal Albert Hall"; com o Black Country Communion, o primeiro álbum; com Beth Hart, "Seesaw".
Pat Travers – Dividiu as honras de grande nome do hard rock da segunda metade dos anos 70 na América do Norte com Sammy Hagar, então recém-saído do Montrose. Este guitarrista canadense pode ser considerado o pai do blues pesado, com seu estilo denso e cheio de notas, levando à frente o que bandas como Free, Bad Company, Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd tinham criado. Com uma carreira em ascensão a partir de 1979, fez muito sucesso na Europa na década seguinte, tornando-se um artista cult nos anos 90 e 2000, em contraponto com o polêmico Ted Nugent. Aos 62 anos de idade, ainda ostra vigor para escapar dos clichês do gênero.
Obras de referência: "Makin' Magic", "Fidelis", "Radio Active", "Crash and Burn"
Walter Trout – É outro veterano da cena blues rock norte-americana, com seu auge nos anos 90. Menos agressivo que Travers, tem um estilo mais lento, embora abuse das distorções e dos fraseados limpos e cristalinos. Algumas vezes foi comparado ao mago Leslie West, novaiorquino que liderou o Mountain e que foi considerado um dos pais do hard rock. Lentamente, aos 64 anos anos, tenta retomar as atividades por conta de um difícil transplante de fígado a que foi submetido em 2014.
Obras de referência: "Battle Scars", "The Outsider", "Breaking the Rules", "Full Circles"
Warren Haynes – Um dos mais versáteis guitarristas da atualidade, consegue imprimir sua marca em projetos tão distintos como o maravilhoso Gov't Mule e sua carreira solo, bem como o Allman Brothers. Aos 62 anos, atingiu o auge da forma entre 2013 e 2015, quando lançou o estupendo "Shout", do Gov't Mule, o seu trabalho solo "Ashes and Dust" e as agora esporádicas apresentações do Allman Brothers. Com o Gov't Mule, foi o responsável pelo resgate do blues pesado em 1995, jogando luz ao trabalho da época de gente como Pat Travers, Walter Trout, Ted Nugent e Eric Gales, entre outros. Seu prestígio é tão grande qwue foi convidado para tocar ao lado de Mick Jagger e Jeff Beck em uma cerimônia na Casa Branca para o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama.
Obra de referência: com o Gov't Mule, "Gov't Mule", "Dose", "Life Before Insanity" e "Shout"; solo, "Man in Motion" e "Ashes & Dust".
Eric Gales – Guitarrista negro e canhoto, foi logo apontado como mais um "novo Jimi Hendrix", de quem não nega a influência. No entanto, sempre fez questão de ressaltar seu lado mais soul e bluesy, com fraseados rápidos e timbres mais elaborados e pesquisados. Chegando ao sucesso no final dos anos 80, acabou ofuscado pelo Living Colour, quarteto de músicos negros que virou sensação do hard rock americano na época. No entanto, sua obra é consistente e de alta qualidade.
Obra de referência: "Good For Sumthin", "Picture of a Thousand Faces", "The Story of My Life"
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