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Barão Vermelho sem Frejat será mais um fantasma a vagar sem rumo pelo rock nacional

Combate Rock

18/01/2017 11h33

Marcelo Moreira

Roberto Frejat (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Roberto Frejat (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Alguém consegue imaginar o Ira! sem Nasi ou Edgard Scandurra? Ou o Camisa de Vênus sem Marcelo Nova? Ou o Ultraje a Rigor sem Roger Rocha Moreira? Legião Urbana sem Renato Russo?

E o que dizer de um Barão Vermelho sem Frejat liderando e cantando? Pois é, não existe, assim como nas opções anteriores.
A saída do guitarrista e vocalista do Barão foi surpreendente, e foi uma notícia ruim. O Barão sem ele será uma banda fantasma.

O anúncio da saída e a substituição por Rodrigo Suricato, da banda Suricato, foi uma surpresa porque o mais provável era que o Barão Vermelho simplesmente acabasse.

Há tempos Frejat dava sinais caca vez mais claros de desinteresse em continuar com a banda, preferindo a sua bem-sucedida carreira solo – na qual baseia metade do repertório dos shows nos hits da banda.

Faz mais de dez anos que o Barão não se preocupa em lançar nada novo, e seus shows se tornaram cada vez mais esporádicos. Nada mais natural do que encerrar as atividades, devido à exaustão e desinteresse, após 35 anos de carreira.

A opção pela continuidade com outro vocalista desrespeita a história maravilhosa da banda, que está no top 5 do rock nacional, e a transforma em mais um espírito vagando pelo nada, ou seja, mais uma alma penada da música nacional – caso, infelizmente, dos Raimundos, por exemplo.

As principais bandas, sejam nacionais ou estrangeiras, se sustentam em algumas figuras cruciais, às quais, ausentes, praticamente inviabilizam sua existência.

Como imaginar Led Zeppelin sem Jimmy Page ou Robert Plant? Ou Rolling Stones sem Mick Jagger ou Keith Richards?
Por mais que o resultado tenha sido bom, o Queen com Paul Rodgers no lugar de Freddie Mercury é uma grande heresia – e acabou não dando certo. Queen com Adam Lambert? Deixe para lá…

Há um bom argumento para embasar a decisão de Frejat e da banda: a saída de Cazuza, em 1985. Ali o Barão quase acabou, se não fosse a tenacidade de Frejat em empurrar a banda sem o seu carismático líder e vocalista.

Por que funcionou há 32 anos e não funcionaria agora? Timing e experiência. Quando Cazuza saiu, o fato já era esperado. sua defecção era iminente, dada as enormes divergências musicais e de postura em relação ao resto da banda.

O Barão Vermelho, como toda a safra oitentista, estava começando, ainda tateando e procurando a sua posição. Por mais surpreendentes  e traumáticas, quaisquer mudanças de formação eram absorvidas com mais facilidades, como ocorreu com Plebe Rude e RPM.

Trinta anos depois, já medalhões da música nacional, o panorama é totalmente diferente. No caso do Barão, é impossível hoje dissociar a imagem de Frejat do Barão Vermelho, assim como de Herbert Vianna do Paralamas do Sucesso, por exemplo.

A decisão não muda nada na vida de Frejat, a não ser tirar um certo peso dos ombros. Para o Barão Vermelho, no entanto, foi desastrosa, condenando os despojos da banda ao limbo. Um fim honroso e decente teria sido muito melhor.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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