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Sharon Jones e seu magnético je ne sais quoi

Maurício Gaia

19/11/2016 02h00

Maurício Gaia

 

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

A primeira vez que ouvi falar em Sharon Jones foi por volta de 2007, com a observação: "esqueça Amy Winehouse. Esta é a cantora de verdade". E logo caiu na minha mão o primeiro álbum dela, acompanhada pela banda Dap Kings, o "Dippin Dap With Sharon Jones & The Dap Kings", de 2002, um disco espetacular.

A associação entre ela e Amy Winehouse não era de todo errada – o álbum "Back to Black" foi gravado em Nova York, no estúdio montado por Sharon e os Dap Kings. Boa parte da banda de apoio foi utilizada na gravação e ainda acompanhou Winehouse em alguns shows. Neste período, ela foi colocada "de lado", para que a banda pudesse cumprir a agenda da cantora inglesa, deixando Jones um tanto quanto irritada. Segundo ela, depois esta irritação passou: "Se foi preciso fazer estes shows para que os Dap Kings ficassem conhecidos, que seja, sou agradecida", declarou.

Realmente, o sucesso de "Back to Black" acabou ajudando a carreira de Sharon Jones, que foi ganhando cada vez mais reconhecimento de crítica e público. Em 2011, ela esteve no Brasil e, em um show soberbo que fez no Auditório Ibirapuera, mostrou que, além de ser uma excelente cantora, era uma fantástica performer, arrebatando o público e botando a casa abaixo. Em 2015, retornou ao país para uma segunda turnê.

Seu talento foi reconhecido tardiamente, já que era "gorda demais, preta demais, baixa demais, velha demais" (nas palavras de um produtor musical que lhe recusou um trabalho nos anos 90) para ser bem sucedida no show business. Ainda assim, Sharon Jones tornou-se uma das grandes cantoras da atualidade e alcançou o sucesso desejado.

Sharon morreu ontem, aos 60 anos, vítima de câncer. The super soul sister with the magnetic je ne sais quois venceu na vida.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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