"Melhor do que Parece" é o melhor álbum d'O Terno
Maurício Gaia
A vida é um tanto atribulada e, às vezes, permite que o tempo sirva para que se possa elaborar melhor as idéias acerca de um tema. No caso, o álbum mais recente d'O Terno, Melhor do que Parece, lançado há mais de dois longínquos meses.
É uma brincadeira óbvia pensar em trocadilhos ou usar o nome do disco para falar dele, porque é isso: ele é bom, é melhor do que parece quando você o compara com os trabalhos anteriores da banda.
O álbum de lançamento, "66", tinha qualidades, mas também expunha uma fraqueza: o fato de ter várias canções do trabalho de Maurício Pereira (dos Mulheres Negras, a auto-intitulada "terceira menor big band do planeta" e pai do guitarrista e vocalista Tim Bernardes), deixa evidente que talvez aquele momento a banda ainda não estivesse pronta o suficiente para lançar um disco. Imagino que os próprios integrantes d'O Terno tenham percebido isso, tanto é que o trabalho seguinte traz como título o próprio nome da banda, como se aquele fosse realmente "o primeiro" álbum.
E assim chegamos a "Melhor do que Parece", onde a banda mostra um evidente amadurecimento, talvez até incomum para garotos com idade girando em torno dos 25 anos.
Com recursos provenientes do patrocínio do edital do projeto Natura Musical, O Terno pôde acrescentar a sua sonoridade uma gama enorme de novos timbres: arranjos com cordas, metais e harpa constroem um alicerce sólido para canções que miram um powerpop que remete aos bons momentos de bandas como Big Star e Beach Boys. Não à toa que, em um programa da TV Cultura, Tim declarou enxergar semelhanças entre "Melhor do que Parece" e "Pet Sounds", não pelas músicas em si, mas no trabalho feito em construir as músicas por camadas sonoras, utilizando o próprio estúdio de gravação como instrumento.
Além da sonoridade, é importante também destacar as letras das canções: dor, culpa, orgulho, perdão, desilusões amorosas são temas que permeiam o álbum e são tratados com delicadeza e maturidade incomuns na música brasileira, principalmente entre músicos da mesma geração.
Ao mesmo tempo em que a banda explora novas sonoridades, abarcando rock'n'roll, psicodelia e samba (em "O Orgulho e O Perdão"), "Melhor do que Parece" é um trabalho sólido, coeso, com belas canções. Chega a ser um pecado destacar uma única música, em detrimento às outras, mas provavelmente você não ouviu nem ouvirá hoje uma canção tão bonita quanto "Depois que a Dor Passar". Nem neste mês, nem neste ano.
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