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Dimebag Darell, um guitarrista influente até hoje

Combate Rock

20/08/2016 19h32

Marcelo Moreira

O baixista Rex Brown não foi muito lisonjeiro com seus três companheiros de banda no Pantera em seu livro autobiográfico, "A Verdade Oficial sobre o Pantera", já publicado no Brasil.

Seu alvo principal é o baterista Vinnie Paul, sobre quem reprovava o comportamento e as ideias em todos os níveis, embora destilasse veneno puro contra Phil Anselmo, o vocalista – mas com quem trabalhou ao menos quatro vezes após o fim do Pantera, em 2001.

Também sobrou para Dimebag Darrell por conta de seu comportamento introvertido, infantil e, algumas vezes, antiprofissional, mas o reconhecimento está lá: um dos melhores guitarristas do nosso tempo.

Mais ainda: Brown acredita que o ex-colega revolucionou o heavy metal de tal forma que ele o considera o último dos grandes mestres de todos os tempos. Ninguém foi tão importante para o rock como ele a partir do estabelecimento do Pantera como banda de grande porte, em 1992, com o álbum fantástico "Vulgar Display of Power".

Talvez esse seja o maior dos legados de Darrell, que faria 50 anos de idade neste final de semana. A fera das seis cordas do Pantera foi assassinado em pleno palco por um maluco durante uma turnê do Damageplan em dezembro de 2004, no interior dos Estados Unidos. Clique aqui e leia texto do UOL Música Deezer sobre os motivos de Darrell ser o maior "morto-vivo" do metal.

Kerry King, o maestro dos riffs do pesadíssimo Slayer, era amigo de Dime, mas sobretudo admirador. "Ele não só era fabuloso. Era fenomenal. Sempre me inspirei nele, tentando chegar ao nível estratosférico dele. Quando morreu, fiquei devastado, e jurei a mim mesmo que faria de tudo para ser o melhor guitarrista pudesse, para que eu pudesse evoluir o máximo que pudesse", declarou ao jornalista e escritor Joel McIver, autor de "O Reino Sangrento do Slayer", lançado no Brasil pela editora Ideal.

King considerava Darrell tão importante quanto Eddie Van Halen – ecoando a opinião de vários críticos ingleses e norte-americanos dos anos 2000 -, em termos históricos.

O guitarrista holandês estabelecido na Califórnia mudou todos os parâmetros da guitarra, em todos os níveis, quando exibiu sua técnica exuberante e suas criações rítmicas-melódicas nos seis primeiros álbuns do Van Halen, entre 1978 e 1984. Eddie criou um novo modo de pensar o instrumento, de extrair timbres e riffs.

Dimebag Darrell na capa da revista Guitar World

Dimebag Darrell na capa da revista Guitar World

Darrell fez o mesmo com o Pantera a partir de 1990, quando o álbum "Cowboys From Hell" foi lançado e mudou totalmente a linha do Pantera – de banda de hard rock farofa dos anos 80, nos primeiros quatro discos, para uma visceral e poderosa banda de heavy metal, com timbres pesados, densos e uma agressividade que até então são os mestres do thrash, como o antigo Metallica e o Slayer, eram capazes de imprimir na música.

Se a velocidade faltava, tome-lhe timbres de uma tonelada e grooves demolidores e afiados, temperados pr um baixo muito pesado, mas melódico e sólido, uma bateria catalisadora e aterradora – à la John Bonhnam (Led Zeppelin) – e um vocal tenso, desesperado, agoniado e muuto agressivo.

O Pantera, capitaneado pela guitarra monstruosa de Dimebag Darrell, era tudo o que o Nirvana, algum dia, poderia ter aspirado, mas que não chegaria nem a milhares de quilômetros de distância – por falta de atitude e qualidade.

Não é exagero dizer que que Dimebag Darrell, a lado de John Petrucci, foram os dois últimos guitarristas que fizeram diferença no rock – e lá se vão quase 25 anos. Depois deles, ninguém nem ao menos triscou os sapatos dos dois – seja no rock onvencional, seja no heavy metal.

O Pantera se tornou a evolução natural de um thrash metal empacado no começo dos anos 90 na encruzilhada entre se tornar mais comercial, como o Metallica (o "Black Album" é de 1991) ou aumentar a velocidade alucinante das músicas e resvalar no death metal, que então finalmente crescia e ganhava adeptos, assim como o black metal.

A banda texana, liderada por Darrell, apontou uma terceira via, mostrando que nao era necessário aumentar a velocidade, mas que era urgente icar cada vez mais pesado, mais denso e mais agressivo.

Darrell foi o impulso fundamental para espantar a estagnação em um momento em que o grunge empesteava as paradas de sucesso e ameaçava tornar o rock um mero pastiche do que já tinha sido, ao reciclar os piores momentos do punk rock setentista.

Também foi fundamental para servir de alternativa ao igualmente pernicioso nu metal de bandas ruins como Korn, Limp Bizkit, Linkin Park, Slipknot e coisas tão funestas quanto.

Dimebag Darrell é um dos grandes heróis da guitarra do nosso tempo. Ele ajudou a salvar o rock pesado como o conhecemos e a melhorá-lo

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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