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Novo CD dá ao Língua de Trapo três indicações para o Grammy Latino

Combate Rock

03/08/2016 06h50

Marcelo Moreira

Língua de Trapo versão 2016 (FOTO: RICARDO FERREIRA/DIVULGAÇÃO)

Língua de Trapo versão 2016 (FOTO: RICARDO FERREIRA/DIVULGAÇÃO)

Os metaleiros também amam… e também gostam de ganhar prêmios no "states". Os veteranos do Língua de Trapo, grupo musical satírico que vai do rock ao samba, forma indicados ao prêmio Grammy Latino em três categorias por conta do mais recente trabalho do grupo, "O Último CD da Terra", lançado neste ano.

Nada mal para uma trupe que não lançava nada inédito desde 1992 e que tem certo orgulho de se manter no underground desde sempre, ou seja, dos idos do final dos anos 70.

O Língua vai concorrer nas categorias Melhor Álbum do Ano, Melhor álbum de Pop contemporâneo em Língua Portuguesa e Melhor Arte de Capa.

Alguns pobre de espírito chama o Língua de Trapo de Manonas Assassinas com algum refinamento, o que é uma enorme bobagem, já que os Mamonas nem sequer podem ser considerados uma banda musical – no máximo, uma piada infantil e sem graça.

Grupo humorístico ou banda pop com qualidades? As duas coisas, com certeza. Com 36 anos de atividade, o Língua de Trapo de tornou referência com uma variedade de sons e ritmos adornados por uma ironia refinada (ok, às vezes nem tão refinada assim), muito sarcasmo e um talento extraordinário para a paródia e o humor.

Em visita recente aos estúdios do UOL Música Deezer, para uma entrevista ao programa de web rádio Combate Rock, o vocalista Laert Sarrumor comentou sobre a "paulistanice" da banda, que pode ter restringido o público da banda:

"Nosso repertório é marcado por temas que remetem a São Paulo sim, tanto no passado como no futuro. O novo CD tem inclusive uma música que se chama 'O Pombo', que é repleta de referências à cidade. Talvez esteja em nosso DNA, mas com certeza passeamos por diversos ritmos e gêneros e acho que conseguimos expandir o nosso som", diz o músico.

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Mesmo os ouvintes mais novos que gostam do grupo se acostumaram com algumas canções emblemáticas, como a sensacional "Os Metaleiros Também Amam", que foi inscrita em um festival de música da TV Globo e foi vista por milhões de pessoas, e a ode italianíssima "Conchetta", em uma homenagem hilária e maravilhosa a um dos pilares da formação do povo paulista.

Apesar de dos 24 anos longe do trabalho de inéditas, o Língua voltou ao estúdio afiado. É possível que o tempo consagre alguns dos temas novos como clássicos, e a faixa "Os Infernautas" é uma candidata – um fado meio "rapeado" mostrando a maluquice moderna por smartphones, redes sociais e mundo virtual em geral.

As piadas estão em todos o CD e miram bastante os roqueiros, em especial aos amantes do rock progressivo. "Rick Wakeman Nunca Mais" é uma deliciosa tiração de sarro, mas também uma bela homenagem ao rock em geral, com várias referências a clássicos do gênero em um climão geral bossa nova

Já "Bode Dylan" não soa tão inspirada, mas cumpre bem o seu papel ao brincar com o mestre do folk rock. "Sinfonia do Trânsito" é uma valsa com traços de vaudeville, enquanto "O Pombo" passeia pelo jazz abrasileirado com um ótimo arranjo de piano.

"Hino dos Desempregados" trata um tema pesado de forma interessante, como um tema marcial. O samba paulista, uma paixão de todos os integrantes, surge como mais uma homenagem, desta vez a Adoniran Barbosa na bela "Circular 46" e na engraçadíssima "Fila do Hospital".

Nem é preciso destacar que as indicações foram surpreendentes e um reconhecimento tardio a um talento ímpar dentro da música brasileira. E eles já podem cantar vitória, independentemente do resultado: os metaleiros chegaram lá.

Clique no player abaixo para escutar a entrevista com três integrantes da banda ao programa de web rádio Combate Rock:

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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