Megadeth, Anthrax e Metal Church: veteranos do thrash esbanjam qualidade
Marcelo Moreira
A reformulação do Megadeth, empreendida a partir de 2014, parece que fez bem como um todo a um dos subgêneros do heavy metal. Coincidência? Pode ser, mas o álbum "Dystopia" certamente "contaminou" alguns concorrentes, que produziram excelentes trabalhos em 2016, como é o caso de outros dois grupos veteranos, o Anthrax e o Metal Church.
"Dystopia" rejuveneceu o som do Megadeth, e o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro tem uma parcela importante no sucesso do álbum. Os diálogos entre a sua guitarra e a do chefão Dave Mustaine ganharam mais evidência, injetando mais frescor e energia em um som que padecia de criatividade.
O CD é mais direto e mais inspirado, com boas letras e solos de guitarra mais elaborados – cortesia de Loureiro, que ainda está se ambientando às exigências de Mustaine. "The Threat is Real", que abre o álbum, é nervosa e dá o tom do álbum, em um excelente trabalho de bateria de Chris Adler, que ainda toca no Lamb of God.
A faixa-título é uma das melhores, resgatando os melhores dias de Mustaine na parceria com o ex-integrante Marty Friedman, um ás da guitarra. "Dystopia" talvez tenha o principal exemplo do instigante diálogo entre as duas guitarras.
Ha outros excelentes momentos, como a longa "Poisonous Shadows", que tem uma bela introdução acústica e uma pegada mais progressiva, mas com agressividade – e justificando a entrada do guitarrista brasileiro, com ym trabaoho fenomenal nesta faixa.
Confirmando o reerguimento do Megadeth, "The Emperor" e "Lying State" mostram um peso absurdo, com arranjos bem construídos e, mais uma vez, solos muito inspirados.
"Bullet to the Brain" tem uma letra mais refinada, embora não seja tão pesada, e "Post American World" traz um instrumental mais elaborando, retomando ideias que deram muito certo no álbum "Rust in Peace", de 1992.
Nao dá para dizer que foi um álbum surpreendente por sua qualidade, já que se trata de Megadeth, mas chama a atenção a gana com que o quarteto mostrou neste ótimo trabalho. Mustaine veio babando, com a ajuda certeira de Kiko Loureiro.
O Anthrax sentiu que poderia fazer algo de diferente e excitante, e "For all Kings" preencheu os dois requisitos. Menos thrash e mais tradicional, o quinteto apostou na diversificação do som e nos riffs de guitarra pesados e elaborados. Acertou na proposta.
Muitos fãs reclamaram que sentiram falta da velocidade, que o som estava sem fúria e muito próximo do heavy tradicional de Iron Maiden e Judas Priest. Em algumas músicas isso até acontece, mas o resultado ficou muito bom.
Jonathan Donais substituiu muito bem Rob Caggiano e deixou o som das guitarras mais robusto e com muito mais possibilidades melódicas. "For All Kings" traz mais solos de guitarras, que estão mais "na cara", o que significa que os músicos estão com mais liberdade na hora de criar.
A trinca de abertura vale o álbum. "You Gotta Believe" é cativante, com sua introção lenta e pesada; "Monster at the End" é acelerada e também muito pesada, com duelos de guitarras estupendos; e "For all Kings" eleva o tom, com camadas de guitarras formando uma parede sonora compacta e impactante.
Impressiona pelo impacto também a música "The Battle Chose Us", com riffs mais clássicos e uma bateria bem trabalhada, e trazendo de novo uma parede de guitarras muito pesada e densa.
"Zero Tolerance" é curta e retoma o thrash metal característico dos anos 80, mas com uma timbragem de guiatrra mais moderna. É rápida e eficiente, embora não seja memorável, assim como "Evil Twin", "Defend Avenge" e "All of The Thieves".
O Anthrax lançou um álbum muito legal, bem superior aos lançamentos anteriores deste século – e longa vida ao vocalista Joey Belladona, um verdadeira locomotiva em "For All Kings".
Muito animador também é "XI", do Metal Church, agora com o retorno do vocalista Mike Howe. Provavelmente não se tornará um álbum clássico, como nenhum tem se tornado no rock a partir deste século XXI, mas é um trabalho bastante agradável e cativante como o do Anthrax.
Cada vez menos thrash e mais tradicional, o quinteto segue à risca as determinações do chefe, o guitarrista Kurdt Vanderhoof, um dos heróis do até pouco tempo atrás combalido heavy metal americano.
"XI" não tem o mesmo brilho dos outros dois álbuns destcados neste texto, mas oferece músicas agradáveis, como "Reset", "No Tomorrow" e "Shadow", com guitarras altas e potentes, e com um peso impactante da bateria de Jeff Plate (ex-Savatage).
"Killing in Your Time" e "Sky Falls In" não são tão pesadas e rápidas, mas oferecem um trabalho competente e de muito bom nível. O CD também pode ser considerado o melhor da banda em muitos anos.
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