Oportunista, Vaticano apela e faz Papa Francisco gravar CD de rock
Marcelo Moreira
A iniciativa até que faz sentido, e soa simpática, mas não engana ninguém: essa história do Papa Francisco gravar um "álbum" de rock não passa de oportunismo, e dos mais baixos e estapafúrdios.
A Igreja Católica sempre fez questão de espezinhar o rock e todas as outras manifestações artísticas populares que, seja por qualquer razão, não tinham a sua "chancela". O Vaticano sempre hostilizou o rock, memso o mais careta e "inofensivo", assim como detesta os chamados padres cantores brasileiros.
De repente, aparece um padre ligado ao mercado musical e decide que o rock agora serve, criando bases instrumentais roqueiras para encaixar discursos de Francisco, quando não de alguns versos recitados pelo próprio papa.
E o duro é admitir que Humberto Gessinger, com o seu Engenheiros do Hawaii, foram proféticos quando lançaram a música "O Papa É Pop", de muito sucesso no final dos anos 80.
Enquanto Francisco faz sucesso na viagem a Cuba e aos Estados Unidos, o Vaticano lança o single "Wake Up! Go! Go! Forward", que tem trechos de seus discursos, em um hard rock bem fraquinho, que contém ainda uma letra cantada em italiano outro cantor.
O álbum será chamado "Wake Up!", baseado no rock progressivo e produzido pelo padre Dom Giulio Neroni e o músico Tony Pagliuca, da banda italiana Le Orme, e foi aprovado pelo Vaticano. As gravações trazem trechos do discurso do Papa em diversas línguas, inclusive em português. "Wake Up!" será lançado em 27 de novembro.
Seja como for, com bênção do papa, o rock entrou no Vaticano como uma forma de tentar se aproximar de um público mais jovem, além, de chamar a atenção de gente que se afastou do catolicismo por conta do seu conservadorismo suicida, em um momento em que as seitas evangélicas avançam no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa.
Sem o menor pudor, a Igreja Católica chega com muito atraso ao mundo pop, e de forma abjeta, já que o oportunismo é escancarado e totalmente apelativo.
Não dá para falar em decadência em uma instituição que existe há mais de 2 mil anos e que já passou por tudo, literalmente, e conseguiu sobreviver, por mais que se considere seus conceitos e dogmas absurdos – assim como seu comportamento – em pleno século XXI. Não existe maior prova de vitalidade e solidez do que isso, por mais que tenha perdido terreno e um pouco de sua importância nos últimos 50 anos.
Não se pode ignorar que Francisco é um papa progressista e mais moderno, com capacidade para se equiparar a João Paulo II, morto em 2005 e que era um dos baluartes do conservadorismo católico.
No entanto, o problema persiste: Francisco continua sendo um padre, continua sendo um baluarte da putrefata e inacreditável Igreja Católica e continua servido de base para a manutenção de dogmas religiosos absurdos. E soa irônico que o demonizado rock seja um dos meios para que a Igreja Católica chegue aos ouvidos de jovens que ouvem rock, entre outros públicos.
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