Poucos destaques no primeiro fim de semana do Rock in Rio
Mauricio Gaia
Para quem esperava shows espetaculares, à altura de uma comemoração de trinta anos do maior festival de música no país, pouca coisa a se comemorar. Os três primeiros dias do Rock in Rio trouxeram poucas surpresas e destaques.
Na sexta, um encontro que, quando começou a se mostrar promissor, se encerrou: Ira!, com Rappin Hood e Tony Tornado. A banda paulista mostrou seus velhos hits, com um Nasi em boa forma física mas com uma performance vocal muito longe do que já foi um dia. Até aí, morno, quase constrangedor.
A coisa mudou muito de figura (e para melhor) com a presença de Rappin Hood e, depois, com Tony Tornado. Aos 85 anos, ele mostrou que tem mais voz do que muito vocalista de banda trintona…
No sábado, em uma das três noites dedicadas à música pesada, os ingleses do Royal Blood fizeram um show pra lá de competente, sem pirotecnias ou afetações. Gojira também foi destaque positivo naquela noite. Também digno de nota a bela apresentação do Angra, que agora pode esquecer o fiasco ocorrido em 2011.
Já a tarde de domingo, não há como não fugir do surrado termo "histórico" para definir o show de Pepeu Gomes e Baby (pode Consuelo?) do Brasil. Baby mostrou que é uma das principais cantoras do país e Pepeu e seu filho Pedro Baby fizeram um belo duelo de guitarras, com um repertório no mínimo, sensacional.
Elton John também mostrou que tem lenha pra queimar, mesmo tendo cedido ao apelo fácil de "Your Song" no bis, quando um "Crocodile Rock", como inicialmente previsto, seria uma opção mais interessante.
Falta de rigor artístico
O Rock in Rio não pretende ser um festival de "rock", na acepção da palavra, mas só é possível creditar à falta de maior rigor artístico a escalação de shows caça-níqueis, como o "Queen + Adam Lambert" como headliner em seu palco principal.
A culpa, ressalte-se, nem é dos artistas. Lambert, que foi o segundo colocado em um reality show, caiu nas graças de Roger Taylor e Brian May e hoje defende um tributo com músicas que ficaram famosas com o vocalista mais carismático da história do rock. Por mais que digam que não se pode compará-los, perdoem-me, a comparação é inevitável.
Adam Lambert não pode ser considerado um mal cantor, mas traz consigo o pior defeito dessa geração formada em reality shows: em determinados momentos, grita ao invés de cantar. Pior, em "Under Pressure", em Roger Taylor também canta, o baterista mostra que tem um desempenho melhor do que ele.
Da mesma forma que, Queen + Adam Lambert não poderia ser headliner do festival, o mesmo pode ser dito do simpático Rod Stewart, com seu competente (frise-se) show feito para cruzeiros e cassinos.
A banda do escocês é excepcional, repertório escolhido a dedo, mas ótimo para bailes de casamentos, formaturas, divórcios, não para um festival. Também pouco a se dizer de uma banda que tem como maior mérito ter todos os membros ainda vivos depois de todos os excessos cometidos, o Motley Crue. Mas aí, pode-se entrar no rol de bizarrices do Rock in Rio, junto com Sandy & Jr.
Para completar, a maré ruim com os headliners, o azar ocorrido durante o show do Metallica: a pane no som transformou a apresentação da banda em algo tão emocionante quanto a leitura do Diário Oficial.
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