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A volta da Legião Urbana, um projeto inoportuno e desnecessário

Combate Rock

28/08/2015 19h00

Marcelo Moreira

Legião Urbana, ainda como quarteto (Foto: Reprodução)

Legião Urbana, ainda como quarteto, na primeira metade dos anos 80 (Foto: Reprodução)

Um dos efeitos nefastos das comemorações dos 35 anos de carreira da Legião Urbana, como não poderia deixar de ser, é a enxurrada de produtos e subprodutos destinados a um público que continua venerando uma banda que se tornou importante menos por sua música, em sim por conta do culto ainda em vida em relação ao seu cantor, Renato Russo, um artista superestimado, assim como sua banda.

Fomos soterrados com uma montanha de produtos sonoros, visuais e "literários" de valor questionável quando das comemorações dos 30 anos, e a coisa ressurge em forma de tsunami quatro anos depois – na verdade, os 35 anos serão completados no ano que veem, mas as celebrações já começaram.

Além de um dispensável livro de Russo baseado em seu diário na reabilitação cntra o abuso de álcool e drogas, agora temos a grande cereja do bolo: a volta da banda, com o nome e tudo.

Quando pensamos que não poderia haver fosso mais fundo no caso – a briga judicial pelo direito de uso da marca entre os ex-integrantes fundadores e o filho do vocalista – eis que Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá anunciam que a Legião Urbana está de volta, com o cantor e ator André Frateschi nso vocais. Tempos atrás, o ator Wagner Moura cantou em um show especial com os dois ex-integrantes.

Mais do que a exumação de um cadáver que parecia definitivamente enterrado, a volta da Legião tem todas as características de oportunismo artístico.

Músicos entediados e insatisfeitos com os vários projetos que tocaram desde 1996, quando Renato Russo morreu, Bonfá e Villa-Lobos decidiram visitar o passado da forma mais triste – ressuscitando algo que jap deveria ter sido sepultado antes da morte da Russo e que jamais deveria deixar a sepultra.

Ainda que se questione a qualidade dos trabalhos e toda a aura de veneração (para mim absurda) em torno da banda, o fato é que a Legião Urbana deixou um legado, por mais que muita gente o despreze, ou ao menos não veja todos os méritos na Legião como muita gente – é o meu caso.

Foto postada no Facebook para anunciar o retorno: da esq. para a dir, Liminha, Frateschi, Villa-Lobos e Bonfá

Foto postada no Facebook para anunciar o retorno: da esq. para a dir, Liminha, Frateschi, Villa-Lobos e Bonfá

No entanto, os dois ex-integrantes fundadores, depois de alguma hesitação, finalmente cederam à tentação e exumaram o cadáver. André Frateschi, um artista inquieto e criativo, embarca em um projeto do qual tem boas chances de se arrepender no futuro, cuja motivação, infelizmente, está longe de sua bem-sucedida carreira no show business.

O "evento", vamos chamar assim, denominado volta da Legião Urbana com ex-integrantes da formação original é algo totalmente dispensável e desnecessário, já que vai se tratar tão somente de um produto que fará "cover de sim mesmo".

Não precisamos de mais uma banda cover da Legião Urbana – já basta a existência da Urbana Legion. Aliás, muito menos os fãs da banda merecem o oportunismo de um "retorno", mesmo com a presença de Villa-Lobos e Bonfá. Por mais que se questione o legado, o projeto deverá maculá-lo.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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