Die Hard rebate perspectiva sombria da Galeria do Rock e mostra vitalidade
Marcelo Moreira
Desde a sua criação, o Combate Rock dedica especial atenção à Galeria do rock, outrora um dos principais centros de venda e difusão de música no mundo – a ponto de ter sido "personagem" de novela da TV Globo e se tornar ponto turístico de São Paulo.
Quando o blog estava hospedado no Estadão.com, publicou em conjunto com o extinto Jornal da Tarde alguns textos com vários aspectos a respeito da galeria, seja como local importante de aficionados da música, como ponto cultural de relevo na cidade e questões mais específicas da administração e do dia a dia.
Como amante da música, frequento o local há mais 30 de anos, e quase todas a pelas mais importantes de meu acervo foram adquiridas nas lojas da Galeria do Rock
Pessoalmente, deploro a virada que o mercado fonográfico deu, e lamento a decadência das lojas que vendem música. O comércio da Galeria do Rock e o da Galeria Nova Barão são raridades hoje na cidade, no país e no mundo, pois ainda vendem música em formatos físicos.
Também lamento a transformação da Galeria do Rock em um shopping de quinquilharias e camisetas de baixa qualidade em detrimento da música, que fez da Galeria do Rock o que ela já foi – e ainda é, em alguns aspectos.
Escrevi vários textos criticando os rumos, aparentemente inexoráveis, do centro comercial. Entretanto, é uma tendência diante da queda de importância da venda física de música, tanto em CD como em DVD. Resta a quem curte música e teve um aprendizado longo com vinis, CDs e DVDs a resignação.
Na semana passada o Combate Rock publicou um texto meu a respeito da situação atual de várias lojas de música na Galeria do Rock. O preço cada vez mais alto dos CDs e DVDs, sobretudo dos importados, aliado à diminuição de consumidores, preocupa em relação ao futuro comercial da venda física de produtos – ano a ano, cada vez mais diminui o número de lojas de música, que já foram 140 nos áureos tempos, do finalzinho dos anos 80 até meados da década seguinte.
Conversando com vários lojistas e funcionários, percebi uma preocupação constante com o futuro do negócio no local. Boa parte das minhas fontes pediu para não ter o nome divulgado. Outras informações foram obtidas em conversas informais com amigos e conhecidos, e por isso suas identidades foram preservadas.
No texto, abordei a questão de que, com estoques altos, preços altos com conta da alta do dólar e uma procura em queda por CDs e DVDs, parte das lojas estaria em vias de, no médio prazo, se tornar meros entrepostos de vendas online ou mesmo depósitos de mercadorias, pura e simplesmente.
Existem ainda cinco gigantes na galeria que fogem um pouco deste panorama, e que possuem estofo para virar o jogo: Baratos Afins, Die Hard Records, Aqualung, Hellion e, em menor escala, Animal Records, que diminuiu seu tamanho, mas não a paixão e o fervor de seu proprietário, conhecido como Carlos "Animal".
Essas lojas provavelmente terão vida mais longa, pois já se tornaram ícones culturais e estão firmes no comércio virtual – podemos aí incluir também a Zeitgeist, em certos aspectos. As demais, entretanto, terão mais dificuldades de fugir do destino que aparentemente será difícil driblar.
Fausto Mucin, um dos proprietários da Die Hard, uma das forças da Galeria e que está completando 15 anos de atividades, leu o texto e ficou alarmado com a premissa do "entreposto". Discordou das teses apresentadas e escreveu um texto nas redes sociais refutando as perspectivas sombrias que o Combate Rock enxerga, mas sempre da perspectiva do sucesso da Die Hard, que é uma exceção diante do panorama.
O debate é mais do que saudável e, em alto nível, só faz avançar o aprendizado. Além do mais, sou cliente satisfeito da Die Hard e Mucin é um dos bons amigos que fiz no meio musical al longo dos anos.
O Combate Rock mantém as informações publicadas ao longo de um período de apuração, mas publica na íntegra o texto de Fausto Mucin com o exemplo da Die Hard, que simbolizaria um panorama de mais otimista para o comércio de música em produtos físicos, seja online na própria galeria. Leia o texto de Mucin, da Die Hard, e tire as próprias conclusões. Ao final do texto, o link do texto original:
A Die Hard tem clientes dentro da loja em mais de 70% do tempo, e, destes, mais de 90% compram. Nossas vendas pela internet representam mais de 75% do volume total de vendas, mas achamos isso óbvio, uma vez que, pela internet, atingimos o Brasil todo. O Angra – "Secret Garden", aqui está R$ 25,00, o Led Zeppelin – "Physical Graffiti"m custa R$ 125,00.
Crescemos nestes anos, e estamos, desde outubro do ano passado, em nossa sede própria, se fosse como a matéria disse, teríamos ficado em nosso escritório/estoque que é próximo à Galeria, e não investido tanto.
A matéria tem razão quanto à descaracterização da Galeria nos últimos anos, mas não concordamos com o conteúdo sobre lojas de CDs, somos prova viva do contrário, e, em tempo, as vendas de vinis cresceram mais de 300% (trezentos por cento) nos últimos dois anos, tivemos que mandar fazer um móvel para os acomodá-los, e alterar o lema da loja de Die Hard Rock'n'Roll CDs para Die Hard Classic Rock and Heavy Metal Collectibles.
A crise financeira atinge a todos, mas a crise na Galeria do Rock, cremos, tem menos a ver com isso, talvez a descaracterização pela qual passou nos últimos anos tenha trazido a conta só agora, e as lojas que ainda estão aqui, e são muitas, ainda a maior concentração que conhecemos, se não tivessem seu valor perante o público, já teriam falido como tantas outras.
Somos fãs do autor do texto, que, inclusive é nosso cliente e amigo, e já fez matérias conosco, mas nos sentimos compelidos a publicar este comentário para esclarecimento dos leitores e, inclusive, esclarecer ao Marcelo. Desculpe se houve inconveniência.
Fausto Mucin – gerente
Clique aqui e leia o texto "Entreposto, ou depósito de mercadoria cara: o dilema da Galeria do Rock"
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