Monsters of Rock, a melhor ideia ultrapassada dos últimos tempos
Marcelo Moreira
Depois de uma overdose de Kiss, Accept, Judas Priest, Ozzy Osbourne e Manowar, o Monsters of Rock cumpriu o seu objetivo em São Paulo em 2015 e pode ser considerado um sucesso, e a ideia prolifera: podemos esperar para 2016 ou 2017 um grande festival com atrações como Iron Maiden, Whitesnake e… Judas Priest? Ozzy? Accept? Saxon?
O sucesso do festival paulistano é um termômetro que coloca sorrisos nos rostos dos organizadores, mas também interrogações, e das grandes.
Usando uma grife que caminha para os seus 40 anos de idade, o evento terá de se reinventar na América do Sul nos próximos anos. Afinal, quantos dinossauros estarão disponíveis para a festa em 2016, ou 2017?
Ainda que tenha sido pontual o problema de saúde que impediu Lemmy Kilmister de liderar o seu Motorhead no festival – tocou normalmente em Curitiba e Porto Alegre -, fica a questão: como manter a chama acesa apelando para os clichês de sempre?
As principais bandas que tocaram no festival continuam sendo inspiração para uma parcela significativa de jovens que estiveram na Arena Anhembi, mesmo que esse público não consuma mais as músicas – e nem merchandising.
O problema é que as opções no classic rock e no hard 'n' heavy clássico já começaram a rarear, no caso de se que tentar evitar a repetição.
Lemmy fez 70 anos, e Ozzy fará 67. Rob Halford, do Judas, tem 65, mesma idade de Gene Simmons, do Kiss, e dos músicos do Scorpions. Os iron maidens chegaram ao 60 e os integrantes do Metallica, aos 55, assim como Dave Mustaine, do Megadeth.
O prazo de validade das bandas está acabando, e com isso, o da marca do festival também. Se o Rock in Rio se reinventou, para o bem ou para o mal, abrindo o leque pra outros gêneros musicais, o Monsters brasileiro caminha para uma fossilização precoce a apostar nos mesmos de sempre.
Comercialmente pode até funcionar no momento – e parece ter funcionado -, mas no longo prazo as perspectivas são, no mínimo, preocupantes. Afinal, os coringas Whitesnake e Scorpions não vão durar para sempre.
O público da América do Sul no século XXI se acomodou com a bonança da primeira década, com relativa estabilidade econômica e cambial, e com a abertura de um novo e promissor mercado de eventos e entretenimento.
O que antes era luxo se tornou mais acessível do que nunca, acostumando mal uma plateia que passou a vibrar quando um Iron Maiden, um AC/DC e um Dream Theater passaram a gravar DVDs em Buenos Aires, Rio de Janeiro e Santiago do Chile.
E o que deveria ser um fator crucial para impulsionar o mercado em busca de novos horizontes e novos limites, surpreendentemente, teve o efeito inverso: fossilizou as expectativas exigências e castrou a sede pelo novo, pela surpresa e pela ousadia.
O Lollapalooza nunca foi um grande exemplo para saciar a sede roqueira de roqueiros que procuram por algo novo. Normalmente, as edições sul-americanas empilham atrações de terceiro, quarto e quinto escalões do mundo alternativo que quase sempre voltam ao ostracismo, mas ainda assim tem o mérito de ousar e tentar, ainda que de forma desastrada e nem sempre coerente, surpreender.
A não ser que o Monsters of Rock fure as barreiras e consiga trazer Van Halen, Rush, The Who ou o Black Sabbath em sua turnê derradeira, pouco conseguirá acrescentar ao legado artístico que já construiu. Terá de rebolar muito para se reinventar para não acabar como o o outrora inovador Live'n'Louder.
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