Maestrick mostra coragem e toca duas músicas inéditas em show
Marcelo Moreira
A paixão é comovente, mesmo remando contra a maré e sendo derrubado muitas vezes. Tocar ao vivo e apresentar músicas novas, que ainda nem saíram em CD e nem foram disponibilizadas na web é uma tarefa corajosa e inglória atualmente. Sorte do quem gosta de música que ainda tem gente que ignora tal fato, ainda que a plateia se mostre indiferente em boa parte do show.
A banda paulista Maestrick não quer saber de ondas contra e segue adiante, ainda que para um público seleto e cativo, entrando com o jogo ganho. Natural de São José do Rio Preto, o quinteto subiu ao palco da casa noturna roqueira Vila Dionísio (uma raridade na cidade) no último domingo para tocar na íntegra o único álbum da banda, "Unpuzzle", lançado em 2011 e distribuído na Europa pela gravadora Power Prog.
Como surpresa, duas músicas novas, "Ethereal" (já apresentada no mês passado, no Sesc Rio Preto) e "Try On", que estarão no próximo trabalho,a inda sem data para lançamento. Habitué da casa noturna rio-pretense e tocando para uma plateia de amigos e fãs de longa data que lotaram o local, a banda não teve medo de mostrar coisa nova e ainda mostrou qualidade ao reinterpretar alguns clássicos do rock, como a excelente versão pesada de "Eleanor Rigby", dos Beatles, a igualmente excelente "While My Guitar Gently Weeps", da mesma banda, e versões inspiradas de "Kill the King" (Rainbow), "Tom Sawyer" (Rush), além de Deep Purple e Queen.
O prog metal do grupo é repleto de boas sacadas e funciona ao vivo, com algumas pequenas alterações de arranjos e performances admiráveis do guitarrista Paulo Pacheco e do baixista Renato Montanha. O vocalista e tecladista Fabio Caldeira, mais comedido e concentrado, manteve o bom nível de sempre, tentando duelar com volumes altíssimos da guitarra e da bateria.
Se hoje no exterior praticamente só o Dream Theater tem estofo para impingir músicas de meia hora na plateia, o Maestrick mostra que o quinteto norte-americano não está sozinho e mais uma vez mandou a quilométrica "Lake of Emotions", com seus mais de 20 minutos e sucessivas variações de andamento e mistura de estilos.
Que a banda continue corajosa e expanda ainda mais seu horizontes. Jogar em casa é sempre legal e confortável, mas às vezes é bom provocar as torcidas adversárias.
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