Rápido panorama do metal nacional - parte 4
Marcelo Moreira
– HellArise – Death/ thrash com melodia e um vocal feminino. Os preconceitos intrínsecos nas mentes metaleiras imediatamente diriam que não pode dar certo, apesar do sucesso do Arch Enemy na Europa. O conceito vai ter de mudar após o bom EP da banda HellArise, "Functional Disorder", onde a vocalista Flavia Momietari mostra competência e não decepciona, dosando bem a agressividade. Embora não seja original, o som da banda é consistente, o que faz com que o HellArise seja um grupo diferente no atual cenário metálico brasileiro. Vale a audição.
– Kyhary – Thrash metal em português costuma ser uma área pantanosa, não só pela dificuldade de composição como pelos riscos que embute – como ser confundida com uma banda de hardcore. Com uma produção muito boa, o Kyhary passou no teste e fez de "Inocência, Escolhas… Fim" um trabalho consistente, enérgico e bem tocado. Lúgubre e sombria, a obra agrada pelos riffs precisos e pela velocidade. Destaques para as músicas "Não Há Mais Volta" e "Pekoj".
– Detonator – Bruno Sutter foi um dos bons apresentadores da antiga MTV. Músico com bons recursos e ótimo cantor, fez parte do Massacration, banda-paródia eu fez algum sucesso entre o final dos anos 90 e meados dos anos 2000 – e foi bem-sucedida em algumas piadas. Como grupo musical, o Massacration era uma grande piada, e era assim que deveria ser entendido. Como Detonator, o então vocal do Massacration, Sutter segue a mesma linha no CD "Metal Folclore – The Zoeira Never Ends", ou seja, apostando em paródias e piadas. Cantando em português, aborda o folclore nacional, com as míticas figuras de Saci Pererê, Mula Sem Cabeça e outras. A base instrumental é interessante, mas o climão não muda: como piada é muito legal, mas como metal mesmo deixa a desejar. Alguns amigos dão uma força, como Rafael Bittencourt (guitarra, Angra), João Gordo (vocal, Ratos de Porão), Thiago Bianchi (Noturnall) e Ricardo Confessori (ex-Angra), mas é difícil encontrar algo com alguma originalidade – e nem era essa a intenção. Embora mereça a audição como curiosidade, fica aqui a definição dada ao Massacration: funciona como piada, nem tanto como música.
– Burlesca – Hard rock competente e bem feito, mas sem novidades. Assim como alguns dos concorrentes, canta em português e segue a linha Aerosmith-Guns N'Roses-Skid Row-Poison, bem ao estilo de Sioux 66 e Kiara Rocks, entre outros. O EP "Reflexo Inverso" ganha pontos em energia e na boa execução, mas as músicas são básicas, sem ousadia e variedade. A faixa-título é a mais potente, com riffs fortes e pesados. Já "Porta Aberta" é a indefectível balada e nada acrescenta, ao contrário das movimentadas "Ver de Novo" e "Deu a Hora".
– X-Empire – Banda formada por dois produtores muito competentes, Michel Marcos e Rogério Oliveira, que fizeram o EP "End of Times". As músicas são bastante pesadas e bem construídas, em um power metal com referências europeias. "Fallen" e "Warcry" às vezes lembram Stratovarius dos anos 90, mas com uma sonoridade mais moderna.Ouça também "Scars from the Past", rápida e pesada, com ótimos solos de guitarra.
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