Hellion coloca no mercado sete CDs da interessante série 'Live to Air'
Marcelo Moreira
Depois do surgimento de shows "raros" em DVD na livraria Saraiva, em edições que podem ser consideradas "alternativas", eis que a importante loja/selo musical/gravadora paulista Hellion Records, um dos pilares da Galeria do Rock, em São Paulo, coloca no mercado sete títulos interessantes da série "Live To Air", que durante anos circulou em CDs piratas (bootlegs) importados pelo Brasil. Essa série é derivada, por sua vez, de outra surgida na Europa nos anos 90, a "Broadcast", que também chegou a ser vendida nos Estados Unidos.
São gravações ao vivo realizadas em shows especiais e programas de TV, com qualidade de gravação que varia do sofrível ao quase bom – não houve muito tratamento no áudio para que a característica de bootleg fosse mantida – um mero charminho, talvez desnecessário.
Esquecendo esse fato, os sete títulos são indicados sobretudo para colecionadores, embora possa agradar aos curiosos que gostem de trabalhos ao vivo. O mais interessante dele é o do Van Halen, que registra uma apresentação durante a turnê do álbum "Diver Down", de 1983. Mesmo com as melhoras no áudio, a qualidade é apenas razoável, mas é sempre fantástico ver o vocalista David Lee Roth mostrar suia irreverência e seu carisma no auge da banda, em sua primeira fase. Faltou apenas o do Aerosmith.
O CD é importante para os colecionadores porque traz os raros registros ao vivo de três grandes músicas de "Diver Down", "Full Bug", a clássica versão de "Dancin' in the Streert" e a sutil balada "Secrets". As outras 11 faixas fazem um apanhado dos quatro álbuns anteriores, com destaque para o hino "Runnin' With The Devil", para o hit "Somebody Get Me a Doctor e para os superclássicos "Unchained", "Ain't Talk 'Bout Love" e "Dance the Night Away".
A única peça dupla da série brasileira é a de Bruce Springsteen, com destaque para o CD 2, que registra, ainda que em áudio precário, uma excelente apresentação na Filadélfia, em 1975, o ano em que realmente estourou nos Estados Unidos. Os destaques são os clássicos "Born to Run" e "She's the One". No CD 1 está uma coletânea de transmissões ao vivo, incluindo o show de inauguração do Rock and Roll Hall of Fame e um concerto no Cleveland Municipal Stadium, em 1995, com o desfile habitual de hits.
O mais decepcionante dos CDs é o dedicado ao Guns N'Roses, que conta com apenas sete músicas. Não bastasse a pequena quantidade de faixas, elas não primam pela qualidade de áudio nem pela das performances, como a cansada execução de "Civil War" no Farm Aid IIV 1990, talvez a melhor música já grava pela banda, e uma versão totalmente dispensável de "Free Fallin"', de Tom Petty, em um show deste com Axl Rose como convidado especial.
O Bon Jovi aparece com uma coletânea esparsa de gravações ao longo dos anos 80 e 90, com qualidade de áudio de razoável para boa, privilegiando sempre os seus hits. Não acrescenta muito, assim como o álbum do Red Hot Chili Peppers, que traz na íntegra a apresentação de encerramento do Woodstock Festival de 1994. A questão é que esse show pode ser encontrado na internet e em produtos bônus de fãs clubes da banda com qualidade de som muito superior á apresentada nesta série.
Mais interessante é a performance do Green Day no mesmo festival, que está registrada na série. Vale a pena por ser um registro raro do trio, em um show considerado importante pelo guitarrista e vocalista Billie Joe Armstrong, e que é encontrado na internet em versões piratas (bootlegs) de péssima qualidade sonora. São apenas cinco músicas, as últimas, enquanto o restante do CD traz canções executadas em diversos concertos realizados entre 1993 e 1998.
Por fim, Bob Dylan é contemplado com um álbum irregular, com quase todas as músicas retiradas de apresentações realizadas em programas de TV. "Blowin' in the Wind", "Hurricane" e "All Along the Watchtower" aparecem em versões aceitáveis, apesar da evidente precariedade sonora de alguns registros. Ganham destaque as duas últimas músicas, Girl From The North Country, um dueto com Johnny Cash, e "Forever Young", com Bruce Springsteen. São registros interessantes e curiosos, que mereciam mais divulgação por parte da Hellion, que infelizmente é conhecida por seu mutismo no relacionamento com a imprensa musical brasileira, o que é uma lástima.
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