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Quem diria que sentiríamos falta de Chorão e seu Charlie Brown Jr?

Combate Rock

11/03/2014 06h58

Marcelo Moreira

O cantor Chorão morreu há um ano, e o inimaginável aconteceu: sua extinta banda, o Charlie Brown Jr., faz falta ao cenário do pop rock nacional, ainda que, em termos de qualidade, estivesse longe das grandes bandas nacionais do gênero. Mesmo em processo de decadência, com alta rotatividade na formação e nos constantes barracos e polêmicas que envolviam a banda, Chorão conseguia manter a cabeça acima da água no pântano lamacento que se tornou o pop rock nacional.

Nas paradas de sucesso nas emissoras de rádio publicadas pela empresa Crowley na revista Billboard Brasil, nos últimos quatro anos o pop rock só manteve três ou quatro posições entre as 100 músicas mais ouvidas no Brasil. Duas delas eram constantes, Charlie Brown Jr. e Jota Quest, dois nomes frequentemente desprezados pela crítica, em situação inversamente proporcional aos números de vendas e da devoção dos fãs.

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Ok, as duas nunca estiveram no panteão das grandes bandas nacionais, em nenhum quesito que se analise, mas não há dúvidas de que conseguiram o que todo o pop rock nacional junto conseguiu no período: manter a cabeça erguida e o trabalho em evidência, por mais conflitante e turbulenta que fosse a vida fora do palco. A morte de Chorão foi um ponto final na trajetória de um pop rock que foi glorioso, mas que agora se consolida como um gênero irrelevante na música brasileira, cada vez menos ouvido e prestigiado.

Havia uma aposta entre alguns críticos musicais a respeito do suposto legado que chorão e sua banda deixariam. Houve quem apostasse no zero, na lenta dissolvição do mito Charlie Brown Jr, assim como o tal do movimento emo esfarelou. A constatação do engano veio muito mais rápido do que se supunha, nem tanto pelos poucos méritos artísticos do quinteto, mas pela absoluta terra arrasada em que o pop rock nacional se assentou.

Faz sentido, então, diante da mesmice, da falta de perspectivas e da falta de inspiração, que o Charlie Brown Jr., do segundo escalão do pop rock brasileiro, se tornasse a mais bem-sucedida – na verdade, a única – banda a ter algum tipo de relevância a partir de 2005, para desespero de quem apostava no contrário, e de quem gosta de boa música em si. Quem diria que sentiríamos falta do Charlie Brown Jr.?

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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