Marcelo Moreira

John Lennon – Força bruta da natureza, o fundador dos Beatles conjugava aspereza, sarcasmo, ironia e delicadeza como nenhum outro astro do rock conseguiu. Moldou seu estilo ao longo dos anos até atingir o auge no final da banda e no começo da carreira solo, nos anos 70. Tronou-se exemplo de cantor com alto grau de interação com as músicas e um intérprete estupendo.

Paul McCartney – Com um pouco mais de treinamento musical na juventude do que o companheiro de composição e de banda, Paul tinha uma facilidade imensa de passar de um campo para outro, seja como bardo folk, baladeiro suave, blueseiro de raiz e roqueiro feroz e agressivo. Não é dele a voz do blues desesperado de "Oh! Darling" e da irada "Helter Skelter", o primeiro heavy metal da história?

Eric Burdon – Outra força bruta da natureza, de voz grossa e rouca, mas tão imponente que impunha autoridade e respeito como se fosse um blueseiro do Alabama. Branquelo nortista de Newcastle, na Inglaterra, construiu um estilo único que mesclava blues, soul e rock na mesma frase, tudo com muito sentimentalismo e intensidade. Tornou-se um gigante na segunda encarnação dos Animals, a partir de 1967.

David Bowie – Camaleão no sentido estético e no estilo musical, estendeu essa característica também à voz. Se não era um virtuoso, apostou na inovação e na versatilidade para passear por diversos estilos e moldar a voz ao sabor de seus personagens. A voz nunca foi longa ou potente, mas o treinamento teatral e na dança ajudaram Bowie e encontrar diversas possibilidades – foi do pop ao blues, do funk ao soul, do rock ao hard, mas sempre explorando as nuances únicas de sua voz, ainda que em espectro limitado.

Elton John – O pianista que queria ser astro acertou desde sempre ao encontrar uma zona confortável para sua voz forte, grossa e levemente gutural. Transitando entre o pop e o rock com irritante facilidade, construiu algumas das mais belas melodias se tornou um intérprete extraordinário observando os amigos e gênios Rod Stewart e David Bowie.