Morte de John Bonham, em 1980, matou o Led Zeppelin e mudou o rock
Combate Rock
05/06/2020 06h20
Marcelo Moreira
O fim está próximo. A imprensa musical sempre adorou decretar o encerramento da carreira de bandas e artistas veteranos independentemente do que eles tinham e, eventualmente, tem a dizer. Todos gigantes, principalmente os sobreviventes, passaram por isso.
De forma mais dolorosa, foi o Led Zeppelin que sofreu a corrosão mais explícita na segunda metade dos anos 70, atingida por tragédias e um longo derretimento, que terminou há 40 anos com a morte do baterista John Bonham durante um período de ensaios na casa de Jimmy Page.
Não é preciso dizer que parte da imprensa canalha da Inglaterra vibrou com a concretização de sua "profecia". Com o baterista morto, o trio restante anunciou o fim da banda três meses depois.
Muita gente ainda insiste, neste século, que nunca houve banda maior no rock do que o Led Zeppelin, seja em significado, seja em impacto generalizado. É conversa de boteco para mais de dias, mas os próprios integrantes levaram isso a sério e acreditavam mesmo que eram maiores do os Beatles e do que Elvis Presley.
Foram seis anos arrasadores, entre 1969 e 1975, em que muitos recordes foram batidos e muitos milhões de dólares gerados, com os correspondentes excessos roqueiros tão frequentes na época. Enfrentaram e venceram várias vezes os Rolling Stones e pareciam indestrutíveis. E então vieram as nuvens pesadas das tempestades.
Primeiro foi o acidente de carro envolvendo Robert Plant e a família na Grécia, em 1975, durante um período de férias. O cantor quero as duas pernas e uma costela e demorou muito tempo pra se recuperar.
O álbum "Presence", de 1976, vendeu menos do que o esperado e Jimmy Page e o baixista John Paul Jones ficaram doentes ao longo do período.
Quando finalmente decidiram voltar as shows nos Estados Unidos, depois de quase um ano e meio parados, a turnê de 1977 teve de ser interrompida por conta da morte do filho de Plant, Karac, de cinco anos de idade, vítima de uma infecção até então desconhecida. Só voltariam aos palcos dois anos depois.
A série de intempéries e os resultados abaixo do esperado com "In Through the Out Door", de 1979, aprofundaram o baixo astral e acentuaram o mergulho de Page e Bonham na bebida e nas drogas.
A turnê europeia de 1980 parecia recolocar o Led Zeppelin nos trilhos, mas os sinais de que o auge tinha passado eram evidentes.
A imprensa já ratava a banda como uma entidade aposentada, mas que se recusava a morrer. E então John Bonham deu a munição que faltava ao beber até morrer entre os dias 24 e 25 de setembro de 1980 durante os ensaios para a futura turnê norte-americana do fim do ano.
De certa forma, a mote do baterista foi a reafirmação de que uma era estava acabando, fato que ficaria comprovado com o assassinato de John Lennon em 8 de dezembro daquele mesmo ano.
Da pior forma, o rock fechava as cortinas de um ato que tinha perdurado por muitos anos. O clamado classic rock tinha dominado o mundo musical por quase 20 anos e ainda resistia, por mais que os ataques do movimento punk e do crescimento da disco music tivessem abalado as estruturas.
O desaparecimento de Lennon e do Zeppelin mostraram um novo mundo surgindo, com novos atores e novos discursos. A música moderna abrangia também o rock, mas deixava claro que nova ordem era outra, mais plural, não tão hedonista e bem menos opulenta e ostentatória.
Para os renitentes adversários do Led Zeppelin, fica registrada a imponência da banda: até mesmo em seu epitáfio foi gigante, marcando o fim de uma era e abrindo novos horizontes, fazendo valer uma das frases que definiram o grupo: quando os gigantes pisavam sobre a terra.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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