Rodrigo Mantovani ganha prêmios nos EUA com a Nick Moss Band
Combate Rock
08/05/2020 07h00
Marcelo Moreira
Rodrigo Mantovani (dir.) em um dos primeiros shows ao lado do guitarrista Nick Moss (FOTO: ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK)
A experiência ajuda a carregar o pesado contrabaixo. São mais de 20 anos rodando pelo mundo e tocando em todos os lugares possíveis da cidade de São Paulo e, agora, em Chicago, uma das capitais do blues.
Rodrigo Mantovani é aquele cara que se encaixa no estereótipo do baixista, à primeira vista. Quieto, concentrado e abraçado ao baixo acústico maior do que ele.
Seus dedos deslizam suavemente, vistos de longe. De perto, a agilidade é impressionante e tiram aquele som gordo, que preenche todo o ambiente e fazem a "cama" para a banda deslanchar.
Quem tem a sorte de contar com os seus graves hoje é a Nick Moss Band, que acaba de ganhar três dos principais prêmios do blues americano, o chamado Oscar do blues, ou o Grammy específico do setor.
No 41º Blues Fundation Music Award, a banda ganhou com o melhor álbum de 2019, "Lucky Guy", creditado a Nick Moss Band featuring Dennis Gruenling; melhor banda do ano; e melhor canção do ano, com "Lucky Guy".
Morando em Chicago desde 2018, o baixista brasileiro é considerado um dos instrumentistas mais importantes daquela cena de blues. Conheceu o guitarrista Nick Moss na Europa há mais de dez anos e combinaram de, um dia, tocarem juntos e gravarem álbuns.
Em conversa com o Combate Rock, Mantovani diz que está orgulhoso com a nova fase da carreira, que ainda tem seus projetos paralelos, como a parceria com o cantor, guitarrista e gaitista dinamarquês Big Creek Slim e a banda de Bia Marchese, sua mulher, na qual é o diretor musical.
"A banda de Nick Moss, da qual faço parte há um ano, é uma das mais importantes do cenário de blues dos Estados Unidos, mas nunca tinha ganhado um prêmio dessa magnitude. É uma honra tocar com ele e fazer parte de um mercado forte e vibrante. O blues continua muito forte nos Estados Unidos", disse o baixista.
O BMA é considerado o mais respeitado dos prêmios de blues na América do Norte. É o mais esperado e aquele que pode definir rumo de carreiras.
A Igor Prado Band, por exemplo, que já teve Mantovani em sua formação, viu seu prestígio internacional, que sempre foi alto, aumentar ainda mais com a indicação a melhor álbum de banda iniciante anos atrás.
Humilde, mas consciente do feito que a Nick Moss Band conseguiu, Rodrigo Mantovani faz uma análise realista do significado do prêmio. "Ganhamos em três categorias, o que aumenta a responsabilidade, como sempre. Traz bons benefícios, como convites ara os maiores festivais do mundo, alguma melhoria financeira e um olhar diferenciado do mercado."
Entretanto, ele é realista até mesmo para entender o que acontecerá em sua própria carreira. "Não se trata de julgar quem é o melhor ou pior, o mais bem sucedido ou o mais brilhante tecnicamente. Eu encaro como um reconhecimento ao bom trabalho realizado e ao destaque de uma obra diferente e que chamou a atenção. Não quer dizer que sou o melhor ou que Nick e meus companheiros são os maiores. É disso que falamos quando vamos analisar uma obra de arte."
Mas é um brasileiro que está em uma banda laureada com o Grammy do blues, não é? "Sou o primeiro e único, até agora, brasileiro a estar ao lado de artistas que ganharam o prêmio máximo do BMA. Claro que isso terá algumas implicações bastante positivas além das que já mencionei. Mas o fato que tem de ser ressaltado é que eu ser brasileiro e estar desfrutando desse momento terá consequências bem legais para conterrâneos e joga luz aos instrumentistas nacionais, assim como a indicação do Igor Prado anos atrás fez. Recentemente, o guitarrista cearense Artur Menezes ganhou bum prêmio importante aqui nos Estados Unidos. Tudo isso reforça o fato de que o blues brasileiro é importante e tem músicos fantásticos. Eu me considero um privilegiado."
Além do prêmio no BMA 2020, com a Nick Moss Band, rodrigo Mantovani está na capa da revista Blues Blast de maio, uma das mais prestigiosas publicações do instrumento nos Estados Unidos. O link com a entrevista, em inglês, pode ser acessado aqui
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
Sobre o Blog
O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br