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Pacaembu do rock, onde Rolling Stones e AC/DC reinaram soberanos

Combate Rock

28/04/2020 15h00

Marcelo Moreira

Rolling Stones em sua última passagem por São Paulo (FOTO: DIVULGAÇÃO/TIME FOR FUN/MARCOS DE PAULA/STAFF IMAGES)

Octogenário, o mais paulistano dos estádios virou um ponto estratégico para a preservação de vidas e luta contra doenças em tempos de coronavírus. Alguns dos maiores craques do futebol desfilaram seus talentos no gramado impecável, assim como algumas das maiores estrelas do rock.

O Pacaembu (estádio Paulo Machado de Carvalho) tem localização privilegiada, arquitetura magistral e engenharia perfeita. De longe, foi a megaestrutura mais importante para o entretenimento e para o rock na cidade de São Paulo até o parecimento do imponente Allianz Parque, a pouco mais de três quilômetros de distância.

Localizado no fundo de um vale e mais ou menos protegido das correntes de vento que costumavam levar o som embora do antigo Palestra Itália/Parque Antártica, sediou vários festivais e eventos de entretenimento.

O roqueiro, no entanto, vai se lembrar com muito carinho de dois grandes concertos, memoráveis e provavelmente os mais importantes em seus 80 anos de existência.

Depois de 20 anos de enrolações, finalmente os Rolling Stones decidiram tocar na América do Sul em janeiro de 1995. E coube ao Pacaembu recebê-los por três noites mágicas e contagiantes, que pararam São Paulo e entupiram a cidade com congestionamentos monstros, algo só comparável aos dois jogos da final do Campeonato Brasileiro do ano anterior, entre Palmeiras e Corinthians, realizados no confortável, mas acanhado campo – o Morumbi estava em reforma.

Se o show da sexta-feira quase naufragou por conta da colossal tempestade, o do sábado foi brindado por um dia de sol, muito calor e garoa intermitente no final da tarde. E então os Stones ofereceram o maior espetáculo da Terra para quase 50 mil pessoas.

O terceiro, na segunda seguinte, foi até melhor em termos de performance, mas o de sábado foi incomparável por conta da expectativa e da energia estupenda emanada por uma banda histórica e extraordinária. Não poderia haver lugar no Brasil mais icônico para a estreia dos Stones em nossas terras.

Pouco mais de um ano e meio depois, o Pacaembu estremeceu de novo para receber a segunda apresentação do AC/DC no Brasil. Uma gigantesca expectativa, quase tão grande quanto a ansiedade de ver os Stones pela primeira.

Seria a única apresentação no Brasil (após a passagem de sucesso no Rock in Rio 1985) uma semana depois de ter encantado os argentinos em Buenos Aires. Por ser única, a apresentação superlotou e causou um estresse tão grande no trânsito em pleno sábado à tarde que a cidade parou.

O palco majestoso e o sino gigante badalando antes de "Hells Bells" finalmente confirmavam que, finalmente, os gigantes do hard rock estavam ali, a nossa frente, com Angus Young e sua guitarra incendiária regendo o concerto histórico.

Na inexistência de algo parecido com um Madison Square Garden (Nova York) ou um O2 (Londres), o estádio do Pacaembu assumiu, com louvor, o posto de casa do grandes megaconcertos em São Paulo, ainda que tenha havido várias outras tentativas – Parque Antártica, Morumbi, Canindé, Ginásio do Ibirapuera, estacionamentos do Anhembi e do Credicard Hall…

Com o temo, as restrições urbanísticas e reclamações estapafúrdias de moradores estúpidos da região do entorno restringiram a realização de eventos, para desgosto dos empresários que assumiram a concessão da administração do complexo do Pacaembu.

Assim como os idiotas de Moema, que reclamam do barulho do aeroporto de Congonhas, e do Morumbi, irritados com os torcedores em dias de jogos, os moradores do Pacaembu querem dispor do que pode ou não pode ocorrer no bairro, lembrando que o estádio existe desde e a imensa maioria das residências e comércios do entorno chegou muito, mas muito tempo depois. Portanto, sabiam o que estavam fazendo quando decidiram morar por ali.

Os megaconcertos do Pacaembu ficaram na história e construíram uma página brilhante dentro da cena do entretenimento paulistano nestes 80 anos. E os Rolling Stones e o AC/DC são os soberanos nesta história roqueira.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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