Topo

A estreia do Foo Fighters completa 25 anos

Combate Rock

27/04/2020 06h53

Marcelo Moreira

Uma das formações do Foo Fighters,com Grohl à frente (FOTO: John Amis)

Quem disse que o Nirvana não serviu para coisa alguma? Serviu sim, para pelo menos ser o  trampolim perfeito para o baterista Dave Grohl se lançar na cena musical mundial como artista solo e em seguida, criar uma das bandas mais importantes dos anos 90, o Foo Fighters. Esse é o maior legado do Nirvana, um fenômeno midiático, sem dúvida, mas esquálido em termos de qualidade e originalidade

O primeiro álbum do Foo Fighters foi lançado há 25 anos e ainda não sinalizava a potência pop que viria a se tornar nos anos seguintes, mas tinha a essência de uma usina de hits, como a forte "This Is a Call".

Dave Grohl e Foo Fighters ostentam o título de músico e banda mais importantes e influentes de sua geração. Isso só foi possível porque se livrou do Nirvana, uma banda superestimada que durou pouco por conta dos incontáveis problemas pessoais do líder, o guitarrista e vocalista Kurt Cobain, que se matou em 1994.

Grohl sempre foi a única coisa que valia a pena no grupo. Tocava – e toca – bateria com vontade, era o único que empolgava dentro do trio.

Enquanto Krist Novoselic matava qualquer um de tédio, Cobain maltratava a guitarra com sua falta de técnica – e maltratava o público com seu astral depressivo. Já Grohl fazia valer a pena ter pago ingresso para o show. Era o mais talentoso da banda.

Não creio que haja dúvida a respeito do grande talento do baterista que virou guitarrista para criar ótimas canções pop –  "The Pretender", "No Way Back", "Wheels", "Long Road to Ruin", "Generator", "Breakout", "Monkey Wrench", "Big Me" e "White Limo", só para citar algumas.

Todas passam longe da fórmula estrofe calma, refrão gritado, estrofe calma. O Foo Fighters faz um rock honesto, com energia, com boas melodias e sem se repetir o tempo todo. E fica distante daquele clima de desgosto com a vida que Cobain impunha ao Nirvana.

Não que Grohl não curtisse  o que fazia, mas tenho certeza que agora ele está muito mais satisfeito. Ele assumiu a linha de frente da banda, canta muito mais que Cobain (desculpe, mas a comparação é inevitável) e faz uma música que chama a atenção.

O Foo Fighters merece respeito. Ou será que Jimmy Page e John Paul Jones, do Led Zeppelin, e Lemmy Kilminster, do Motorhead, e Tom Petty, e Paul McCartney piraram? Eles já estiveram em algum momento envolvidos com Grohl.

Não bastasse as qualidades de Grohl como músico, ele e o Foo Fighters têm um senso de humor que tem de ser ressaltado. Basta ver os vídeos da banda, completamente diferentes daquela coisa sombria do Nirvana.

E não digam que o mérito disso é do produtor do clipe, porque se os vídeos seguem essa linha é porque Grohl quer assim. O cara tem talento.

"Foo Fighters", o disco, revela-se uma surpresa por mostrar um músico focado e altas pretensões. O Foo Fighters ainda não era uma banda e Dave decidiu gravar todos os instrumentos no estúdio de um amigo.

Por ser um trabalho de um homem só e feito sem grandes requintes de produção, ecoa resquícios de um rock independente garageiro que guardava alguma semelhança com sua ex-banda, mas apontava para algo diferente e mais relevante do que o Nirvana tinha feito. A veia pop era evidente, assim como as guitarras sujas e um pouco estridentes.

Além da boa "This Is a Call", o álbum trazia coisas interessantes como "I'll Stick Around", "Big Me" e "For All The Cows", que viraram singles.

Em meio a tantas bandas que sobem no palco com ar de quem está lá contra a vontade e fazem vídeos que estão mais para velórios, o Foo Fighters carrega o verdadeiro espírito do rock and roll.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

A estreia do Foo Fighters completa 25 anos - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

Mais Posts