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Há 40 anos, Bob Marley tocava na festa de independência de Zimbábue

Combate Rock

22/04/2020 17h00

Ricardo Gozzi – do site Roque Reverso 

Bob Marley (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O Zimbábue celebra neste 18 de abril de 2020 quatro décadas de independência do jugo britânico. Com isso, a histórica apresentação de Bob Marley & The Wailers no Estádio Rufaro, em Harare, para celebrar a independência zimbabuana completa também 40 anos.

Durante quase um século, o Reino Unido havia explorado as terras e as riquezas do território que preferiu chamar de Rodésia em meio à criminosa partilha da África pelas potências coloniais europeias.

Depois de uma guerra civil iniciada em 1965 na qual cerca de 20 mil pessoas morreram – rebeldes marxistas negros em sua maioria -, o Zimbábue tornava-se finalmente a última colônia britânica na África a conquistar a independência. Chegava ao fim o governo da minoria branca sobre a maioria negra no Zimbábue.

Convidado a participar das celebrações pela independência daquela que emergia como a mais jovem nação africana de então, Bob Marley não só contrariou seu empresário e aceitou o convite como pagou do próprio bolso para estar em Harare com sua inseparável banda The Wailers em 17 de abril de 1980, na abertura dos eventos previstos na comemoração.

Marley arcou com o aluguel dos equipamentos, a estada em um hotel local meia-boca e com o frete de um Boeing 707 que saiu do Aeroporto de Gatwick, nos arredores de Londres, com destino ao Zimbábue.

O convite para a festa de independência não surgiu do nada. Em meio à guerra civil na antiga Rodésia, o cancioneiro de Bob Marley inspirou os rebeldes na luta contra a elite branca que espoliava a maioria negra na colônia britânica.

Enquanto o país mudava de nome e Salisbury era rebatizada Harare, dois shows acabaram acontecendo. O primeiro, no pomposo evento oficial, foi uma apresentação curta, interrompida pela repressão policial a uma multidão aglomerada em torno do estádio sem poder testemunhar a histórica apresentação.

Ao retornar ao palco depois da interrupção, Bob Marley foi taxativo: "Nós sabemos onde estão os verdadeiros revolucionários!"

Do lado de fora, claro.

Diante do incidente, Bob Marley conseguiu autorização para um segundo show, realizado na noite seguinte.

Gratuita, a segunda apresentação foi uma celebração assistida por pelo menos 100 mil pessoas. Provavelmente mais.

Marley desfilou clássicos de sua carreira, como "Get Up, Stand Up". Tocou também "Zimbabwe", canção lançada em 1979 em homenagem à história de luta pela independência zimbabuana.

Mostrou ao mundo a força de sua já conhecida conexão com a África e fez jus à fama de ser um dos mais engajados artistas de seu tempo na luta contra a opressão e o racismo.

Bob Marley pode não ter vivido o suficiente para testemunhar a derrocada do apartheid na África do Sul, mas engajou-se ativamente na queda da última colônia mantida no continente africano pela mesma Inglaterra que tomou sua Jamaica da Espanha para explorá-la até o último bago de cana.

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Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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