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Entre demissões em massa e quebradeira, a insensibilidade que incomoda

Combate Rock

06/04/2020 21h00

Marcelo Moreira

FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE)

Uma conta que não fecha, e alternativas que não existem. As entidades que representam trabalhadores e empresas dos setores de gastronomia e entretenimento continuam esbravejando contra o isolamento social e a quarentena por conta do coronavírus, o que mantém comércio  serviços não essenciais fechados em quase todo o país.

Primeiros segmentos a serem afetados e provavelmente os últimos a terem alguma esperança de recuperação, já são os menos essenciais entre os essenciais em termos econômicos, seu representantes demonstraram extrema insensibilidade ao espalhar previsões e estimativas de prejuízos e demissões na vã esperança de que isso sensibilizasse as autoridades para afrouxar o isolamento social. Para esse gente vil e inacreditável, o lucro e o faturamento estão acima da saúde púbica.

Dependendo da entidade de trabalhadores ou de empresas, as estimativa de demissões variam de 580 mil a 6 milhões, envolvendo gente da cadeia produtiva da cultura/entretenimento e gastronomia.

Agora é a vez dos produtores de eventos, reunidos na Abrape (Associação Brasileira dos Promotores de Eventos), que alega reunir 200 empresários/empresas associados de vários portes.

Engrossando o coro dos descontentes com a quarentena, cada vez mais necessária, aderiu às táticas terroristas de alardear perdas milionárias e possibilidade de cortes de empregos formais e informais.

Em comunicado à imprensa, a associação informa que 51% dos eventos programados entre abril e dezembro foram cancelados ou adiados, "colocando um manto de incerteza em todos os níveis a respeito do funcionamento do setor até o ano que vem".

As estimativas de perdas estão em R$ 290 milhões, de acordo com a pesquisa "Impactos da Pandemia na Cultura e no Entretenimento", que sugere o sumiço de ao menos 580 mil vagas formais e informais, atingindo funcionários contratados, músicos e colaboradores em geral.

"Esse novo cenário, que a cadeia produtiva do setor de entretenimento está experimentando amargamente, é algo sem precedentes. Estamos falando de aproximadamente 300 mil eventos que deixarão de acontecer e milhares de empresas que apresentarão prejuízos financeiros", ressalta o presidente da entidade, Doreni Caramori.

Entre as propostas que estão sendo debatidas está a tentativa de regulamentação de regime temporário extraordinário simplificado para a suspensão de trabalho por falta de recursos financeiros às empresas que apresentem uma queda de receita igual ou maior do que 30%.

A associação também está pleiteando carência de 180 dias para os tributos que estão sendo pagos (ou parcelados) oriundos de acordos pregressos.

Outra ideia é a criação, junto ao sistema financeiro oficial, de linhas de créditos para concessão de capital de giro, com carências, prazo dilatado e condições subsidiadas, como forma de suprir o fluxo de caixa necessário aos cancelamentos/transferências de eventos.

Infelizmente não há o que fazer. A entidade até tem o direito de fazer alguns pleitos, como isenções de impostos, suspensão temporária de pagamentos diversos e outras tentativas. Mas não vai rolar. Outros segmentos da economia, mais importantes e necessários, chegaram na frente.

Não se trata de ignorar a devastação que as medidas de confinamento social estão causando no setor. Por enquanto, não há solução exequível para tentar amenizar as graves perdas para a gastronomia e o entretenimento.

Incomoda, no entanto, as ameaças de cunho terrorista a respeito de quebradeira geral e demissões em massa tendo como pano de fundo a preocupação egoísta de um setor não essencial com seu faturamento e seu lucro diante de uma emergência sanitária mundial de proporções catastróficas.

O comércio e os serviços não voltarão às atividades até pelo menos 23 de abril na maior parte do Brasil. Como o pico da doença deve ocorrer no final do mês, as chances de extensão das medidas de isolamento social e proibições devem entrar pelo mês de maio, de forma correta e necessária.

Não é a coisa mais fácil do mundo admitir que a Galeria do Rock, que tanto amamos e que tem importância fundamental para os fãs de música brasileiros e para o turismo paulistano, corre riscos imensos – de reabrir de forma muito diferente e de ter parte expressiva de suas lojas fechadas definitivamente – do total 215 estabelecimentos, menos de 40 se dedicam ainda à música.

Somos obrigado a reconhecer que não há uma solução que ao menos amenize um pouco os sofrimentos de empresários e trabalhadores destes setores. É bem possível que paguem um preço altíssimo, proporcionalmente muito maior do que outros segmentos econômicos. E as ameaças de demissão em massa e de "quebradeira" geral e caos não ajudam em nada.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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