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Lançamentos selecionados: Pearl Jam, Def Leppard, Byff Byford...

Combate Rock

01/04/2020 07h00

Marcelo Moreira

– Pearl Jam – A única banda decente do movimento grunge foi melhorando um pouco ao longo dos anos. Nunca conseguiu repetir o êxito do primeiro álbum, "Ten", que tinha alguns hits meio pré-fabricados, mas de alguma intensidade, e foi tateando ao longo dos anos em busca de uma sonoridade própria e uma identidade pós-grunge. "Gigaton", o novo CD, sintetiza quase 30 anos de carreira em uma coleção de músicas aparentemente desconexas, mas com um viés bastante roqueiro em várias passagens, como na "vintage" "Quick Escape", uma bela canção pesada movida a guitarras e riffs interessantes. Há algumas invenções, como a equivocada "Dance of the Clairvoyants", cheia de barulhinhos eletrônicos dispensáveis e arranjos esquisitos. "Who Ever Said"é uma tentativa bem-sucedida de reeditar o rock cru dos primórdios da banda, onde as guitarras novamente são protagonistas em riffs certeiros e retos. "Superblood Wolfmoon" segue na mesma toada, mas sem a mesma pegada, enquanto que "Retrograde" acirra os ânimos com um som mais denso e lúgubre. "Gigaton" é um trabalho diversificado e irregular, so que agrada por conta de sua veia rock'n'roll, o que espanta um pouco a melancolia que dominou canções mais recentes. Dificilmente irá frequentar as listas de melhores do ano, mas é bem agradável.

– Byff Byford – Antes das piores brigas com Mick Jagger, nos Rolling Stones, nos anos 80, Keith Richards sempre desdenhava de perguntas de quando ele gravaria um álbum solo. "Grande bobagem. Seria um álbum dos Stones ou outro cantor. Não faz sentido", disse o guitarrista várias vezes – ele mudou de ideia depois. E o que dizer de cantor que resolve, depois de velho, fazer o seu primeiro CD solo que é igualzinho ao que sua banda fez por 40 anos? "School of the Hard Knox" é um disco do Saxon, só que com outros músicos. O cantor, líder e dono da lenda inglesa do metal dos anos 80 parece ter feito de propósito e não se importou com isso. É legal? Sim, é agradável, especialmente a faixa-título e a versão ótima para "Scarborough Fair", de Simon & Garfunkel. Entretanto, é muito, mas muito Saxon, até nos maneirismos vocais e nos timbres de guitarra. Para que fazer um álbum solo que poderia muito bem ser um álbum de sua banda? O pior é que é um disco do Saxon, mas bem inferior aos últimos três de verdade da banda, e muito inferior ao último, "Thunderbolt", de 2018. "Welcome to the Show" e "Hearts of Steel" são interessantes, mas sem o poder de elevar o nível no geral. É divertido, mas a anos-luz de ser memorável.

– Def Leppard – Quando a inspiração começa a rarear, eis que o baú é escancarado e pérolas do passado ressurgem para segurar a onda. Sempre foi assim, com todas as bandas e artistas, de todos os gêneros. A bola da vez é o Def Leppard, banda britânica de hard rock que foi ao céu nos anos 80 vendendo horrores e que se manteve de forma digna no mercado quando a maré virou. Integrante do trio que "inaugurou" a NWOBHM (Nova Onda do Heavy Metal Britânico, na tradução para o português), ao lado de Saxon e Iron Maiden, o Leppard desviou pra a música pop e ofuscou muita gente boa nas paradas nos anos 80, inspirando, e muito, o hard rock festivo da Califórnia. "The Early Years" é uma senhora caixa com cinco CDs repassando pelos primeiros anos de sucesso a partir da estreia com "On Through the Nights", em 1980. Há raridades, faixas obscuras, versões diferentes de alguns megahits e coisas suculentas, como um show quase na íntegra de 1979, antes do sucesso, na cidade de Oxford, na Inglaterra, a participação ao vivo em programas da BBC, de Londres, e algumas canções registradas no festival de Reading, em 1980, quando o quinteto começava a decolar. É um bom registro histórico, e também serve como boa introdução ao trabalho deste importante do rock inglês.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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