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Lançamentos selecionados: Demons & Wizards, Body Count, Annihilator...

Combate Rock

23/03/2020 06h28

Marcelo Moreira

– Demons & Wizards – O projeto germano-americano envolve dois importantes músicos da cena do heavy metal internacional que estavam longe um do outro havia 15 anos. Jon Schaeffer (guitarrista do Iced Earth) e Hansi Kursch (vocalista do Blind Guardian) formaram uma dupla improvável no começo do século por conta das enormes diferenças entre suas bandas principais. Conheceram-se em festivais pelo mundo e engataram uma amizade que rendeu dois ótimos CDs do projeto paralelo – "Demons & Wizards", de 2000, e "Touch by the Crimson King", de 2005. "III", recém-lançado, é uma coleção de músicas fortes e sem um conceito a uni-las. A ideia era registrar uma quantidade boa de canções rápidas e coesas, com um resultado muito interessante. Como a base instrumental ficou a cargo, novamente, de músicos e colaboradores do Iced Earth, como das outras vezes, é natural que o som se aproxime do heavy metal tradicional puxado para o power metal norte-americano. No novo CD a tendência é a mesma, só que com algumas diferenças. A música principal e primeiro single, "Diabolic", é rápida, mas também épica e com toques progressivos, com um vocal mais agressivo. As mesmas características estão em "Children of Cain", enquanto que "Midas Disease" é um hard'n'heavy cativante e orientada totalmente para as guitarras. "Final Warning" traz uma série de riffs muito bem trabalhados e uma levada progressiva interessante, e "Timeless Spirit" emplaca um clima etéreo e mais viajante. "III" é um bom disco, embora sem o impacto do primeiro álbum do projeto, que é excelente. A versão nacional foi lançada pela Hellion Records.

– Body Count – Um raro caso dentro do metal de banda veterana que a cada disco melhora e evolui. O primeiro disco do combo norte-americano liderado pelo rapper Ice T, lá dos anos 90, ainda é clássico, mas "Carnivore", recém-lançado, certamente vai rivalizar em qualidade como o melhor da banda até agora. O anterior, "Bloodlust", já tinha sido uma cacetada, com muito peso, muito groove e letras muito mais iradas, com melodias mais complexas e extensos solos de guitarra. "Carnivore" mantém algumas dessas características, mas soa ainda mas contundente e incisivo em todos os sentidos. É um álbum bem curto, e muito mais direto, quase punk/hardcore, embora as guitarras continuem com um peso absurdo. Se a banda homenageada no antecessor foi o Slayer, agora é a vez do Motorhead, com uma releitura claustrofóbica, asfixiante e viciante de "Ace of Spades". Não há músicas ruins: "Carnivore" é crua e violenta; "Bum-Rush" é bem pesada sobre uma base hip hop que casou bem com a ideia principal; "Another Level", com a participação de Jamey Jasta (vocalista do Hatebreed) é insana e podrona, mas com guitarras muito bem timbradas, assim como "Thee Critical Beatdown"; "Whem I'm Gone", a qe mais se aproxima de uma balada, traz o vocal adicional de Amy Lee, do Evanescence, enquanto que "The Hate Is Real" traz um metal moderno com alguns toques eletrônicos e um vocal irado. É um senhor álbum de metal cometido por um cantor de rap metido a (bom) ator de seriados policiais.

– Annihilator – Um caso semelhante ao do Body Count no quesito evolução: com mais de 30 anos de carreira, dificilmente comete um disco ruim, e a cada lançamento vem um trabalho melhor do que o anterior. "Ballistic, Sadistic", também lançado por aqui pela Hellion, é uma aula de metal moderno que mantém muitas características old school, ou seja, bem anos 80. É agressivo, com guitarras mais na cara e uma produção que ressalta detalhes antes soterrados por toneladas de arranjos. Em vários aspectos, há simplicidade e inteligência na elaboração de riffs e na condução melódica, que fazem canções como "Dressed Up For Evil" e "The Attitude" soarem geniais. Jeff Waters, o guitarrista que é o chefão de tudo, mostrou uma competência absurda nas bases principais e na maioria dos vocais principais, algo que nunca foi muito a sua praia. Peso, groove e solos em, doses muito bem equilibradas, que fazem deste um grande álbum.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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