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Facada Fest RJ é o início da resistência ao autoritarismo

Combate Rock

04/03/2020 00h08

Marcelo Moreira

Diante da perseguição, que tal um pouquinho de provocação? Nem bem o meio musical absorveu totalmente a notícia de que o nefasto ministro da Justiça, Sergio Moro, autorizou a Polícia Federal a investigar e a convocar músicos e organizadores do Facada Fest Belém (PA) para depor, a solidariedade punk mostra as garras e projeta uma versão carioca do festival.

"Em solidariedade aos amigos do Facada Fest, contra a censura, contra o fascismo, os fascistas e todo tipo de intolerância! Facada Fest RJ, em que as As bandas do RJ se unem para reagir e compartir solidariedade!!", berra em letras garrafais a convocação para o evento no Rio, no dia 14 de março, beneficente, com mantimentos e doações de roupas para os desabrigados da chuva na cidade. O ingresso é um quilo de alimento ou roupas e fraldas.

Nada mais necessário e urgente do que disseminar milhares de eventos com esse nome em solidariedade e em protesto contra a perseguição a artistas de todos os calibres e atividades artísticas.

Para quem não se recorda: a Polícia Militar do Pará tentou impedir a realização do Facada Fest nma cidade, tradicional festival punk/hardcore que surgiu em 2017 e se alastrou para várias cidades do país, como Marabá (PA), Curitiba (PR), Araçatuba (SP), Campinas (SP) e outros locais.

O motivo alegado era de que o local do festival não tinha alvará para receber aquele tipo de evento – foi mera "coincidência" o fato de os policiais terem chegado para acabar com a festa minutos antes de o evento começar…

Nos dias anteriores, deputados estaduais bolsonaristas do Pará e um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro se irritaram com um cartaz que satirizava o presidente e protestaram de várias formas. Chegaram mesmo a pedir judicialmente o cancelamento do Facada Fest, mas não foram atendidos. A chefa dos policiais foi encarada como uma retaliação dos políticos ultraconservadores contra o festival.

Eis que quase um ano depois o Ministério da Justiça, em despacho assinado por Sergio Moro e corroborado pela Procuradoria Geral da República, ordena que a Polícia Federal investigue o tal "cartaz", com a convocação dos organizadores do Facada Fest para depor, em clara tentativa de intimidar músicos e promotores de shows.

A iniciativa de Moro e de seu ministério foi nacionalmente repudiada nos meios culturais e políticos, conseguindo a façanha de unir o mundo do rock contra a perseguição do governo e seu autoritarismo.

A iniciativa carioca praticamente não deu chance de respiro ao governo e é o primeiro (de muitas, esperamos) ato de solidariedade e de resistência às forças conservadoras que querem solapar a democracia e a liberdade de expressão.

Falta apenas a cidade de São Paulo, assim como Belo Horizonte, organizarem suas versões do Facada Fest para engordar as manifestações contra o fascismo, contra os ataques à democracia e contra o governo Bolsonaro, que desferiu vários ataques ao Congresso Nacional.

É bom lembrar que o Facada Fest RJ ocorrerá em 14 de março, dia em que estão programadas várias manifestações contra o governo e a favo da democracia. No dia seguinte, 15 de março, será a vez do fascismo sair às ruas para apoiar Bolsonaro e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Até o momento, o Facada Fest RJ tem as seguintes bandas confirmadas: Acid Drop, Pacto Social, Fokismo, Matilha,  77 Idols,  Skorno,  Involuntarium e  Serial Killer.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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