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A ressurreição do necessário Hangar 110 e novidades no ABC

Combate Rock

12/02/2020 15h00

Marcelo Moreira

Vista geral do palco do Hangar 110 (FOTO: ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK HANGAR 100)

Depois de um período complicado em que algumas casas noturnas roqueiras da Grande São Paulo deixaram de existir ou mudaram de perfil, dois locais icônicos voltarão à ativa neste ano.

Em anúncio publicado nas redes sociais, os proprietários do Hangar 110, conhecida por abrigar shows punks e de metal extremo, anunciaram a reabertura da casa em 1º de março.

No ABC, na Grande São Paulo, um anúncio misterioso, também nas redes sociais, informa que a "casa mais roqueira da região voltará em um endereço nobre, na avenida Pereira Barreto, 530, em Santo André".

Quando ao Hangar 110, os proprietários escreveram que, "além de ser o lugar que sempre amamos, o Hangar é também uma 'ideia'. Por isso, lutamos muito para que essa ideia não se transformasse em um galpão vazio, um estacionamento ou uma igreja". Com o fechamento do espaço de shows, o Hangar 110 atuou apenas como produtora de eventos.

A casa abrigou memoráveis espetáculos, como superlotados shows de Ratos de Porão, Garotos Podres e quase todas as principais bandas punks e hardcore do Brasil, além de atrações internacionais – Jello Biafra (ex-Dead Kennedys), Stiff Little Fingers, Cannibal Corpse, Behemoth e Mayhem.

Bem localizado nos limites dos bairros Bom Retiro e Ponte Pequena (rua Rodolfo Miranda, 110, próximo a uma estação de metrô), nas imediações do centro de São Paulo, o Hangar 110 funcionou por 19 anos e criou uma aura de local alternativo, criando uma cultura própria e com prestígio extrapolando as fronteiras do Brasil. Virou referência nacional em termos de cultura e entretenimento.

"O Hangar 110 é a casa do underground paulistano, é lenda e necessário para quem curte bom rock'n'roll e quer se divertir de uma forma diferente", disse certa vez José "Mao" Rodrigues Júnior, vocalista dos Garotos Podres.

Longe dos padrões das chamadas "danceterias" que pipocam e somem na noite paulistana, sempre foi charmoso por sua tosquice e instalações "docemente precários", tentando (e conseguindo) emular alguns muquifos punks de Londres, Birmingham e Berlim. Confortável? A galera só queria saber de se divertir.

Por mais que a casa sempre lotasse com os inúmeros shows, houve um momento em que a conta não fechava, segundo pessoas próximas aos proprietários. A quantidade de frequentadores diminuiu com a crise econômica assim como ocorreu com várias casas de muitos locais do Brasil.

A situação não melhorou, mas é fantástico que o casal Cilmara e Marco Baldin tenha tomado coragem para embarcar de novo no sonho de manter viva a mais underground casa do rock da cidade.

No ABC, houve um tempo em que o Central Rock Pub, em sua encarnação na avenida José Amazonas, perto do Paço Municipal de Santo André, era um dos pontos mais quentes da região, recebendo bandas importantes nacionais e internacionais em seu palco. Foi lá, por exemplo, que o Viper fez o seu primeiro show após o anúncio do retorno definitivo, em 2012.

O mistério sobre o "retorno da casa mais rock do ABC" continua, mas existe uma boa chance de que o Central Pub volte à ativa em um local mais comercial, longe das reclamações dos vizinhos por conta do barulho e da concentração de roqueiros.

Hoje o rock está espalhado por alguns locais menores, como o Santo Rock (no bairro Jardim) e 74 Pub, que recebem shows de pequeno  e médio portes, enquanto que A Gruta, no centro, se tornou o ponto de encontro dos artistas brasileiros e estrangeiros de passagem pela região, com shows acústicos de vez em quando. Já o Volume 4, no Parque das Nações, é mais underground e faz o estilo botecão.

Na vizinha São Bernardo o rock desapareceu dos palcos dos bares. Só é possível ver algum show underground na Casamarela, em seu novo endereço, em uma travessa da badalada avenida Kennedy, ao lado do Liverpool Pub.

Nas imediações, tem o Retrô, com seu palco minúsculo para bandas cover, e o Brand New Pub, também para bandas cover e shows intimistas de jazz e blues.

Se for apenas para ouvir rock no som da casa, além dos locais citados, há os interessantes Liverpool Pub, Barthô (centro), Galeteria Metrópole, André Bar e Bar do Freguês (todos no bairro Nova Petrópolis) e a minúscula, mas aconchegante, Taverna Vieira (Baeta Neves).

Em São Caetano, a tradição roqueira ainda sobrevive com o Duboie, em outro endereço no centro da cidade (rua dos Goitacazes, 33). O local é praticamente o único porto seguro para o rock na cidade, que mergulhou, faz tempo, no sertanejo e no pagode. Há três ou quatro pubs recentes na cidade, onde não é muito comum ouvir rock e blues.

A grande notícia do ABC, no entanto, é o surgimento do Container Pub Stop, que faz parte de um conglomerado underground que dá excelente apoio a bandas de rock de todos os tipos. Hoje é, provavelmente, o melhor local do ABC para ouvir bandas autorais dentro de sua programação diversificada.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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